Dia Mundial da Obesidade

No dia 4 de março assinala-se o Dia Mundial da Obesidade. A efeméride procura chamar a atenção para a necessidade de se encontrar uma resposta global para a obesidade, uma condição que afeta 650 milhões de pessoas em todo o mundo. Sabe-se que a obesidade é um dos principais fatores de risco para várias doenças crónicas não transmissíveis, como a diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão, acidente vascular cerebral e vários tipos de cancro.

Ao longo dos anos, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) tem publicado vários estudos que têm procurado quantificar a prevalência da obesidade na população portuguesa, explicar a relação entre fatores como os padrões de consumo alimentar e a obesidade, e ainda perceber as suas consequências. Mencionamos alguns dos artigos que foram publicados.

Prevalence of general and abdominal obesity in Portugal: comprehensive results from the National Food, nutrition and physical activity survey 2015-2016: neste estudo, que usou dados do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015-2016, estima-se que 22% dos portugueses têm obesidade e 34% pré-obesidade (em risco de desenvolver obesidade). Concluiu-se ainda que a obesidade é superior nas mulheres, nos mais idosos e nos indivíduos menos escolarizados, o que os torna grupos de risco. A obesidade abdominal (em torno da cintura) afeta essencialmente os homens, particularmente os mais idosos. 

Eating frequency and weight status in Portuguese children aged 3-9 years: results from the cross-sectional National Food, Nutrition and Physical Activity Survey 2015-2016:  neste estudo, que utilizou informação de crianças Portuguesas entre os 3 e os 9 anos de idade, avaliadas no âmbito do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física 2015-2016, concluiu-se que as crianças que praticam menos do que seis refeições por dia apresentavam maior probabilidade de desenvolver excesso de peso ou obesidade. 

Association between dietary patterns and adiposity from 4 to 7 years of age: neste estudo, que avaliou cerca de 3500 crianças da coorte Geração XXI, verificou-se que 45% das crianças, aos 4 anos de idade, já pratica um padrão alimentar rico em alimentos densamente energéticos e com pouco interesse do ponto de vista nutricional, como bolos, doces, refrigerantes, charcutaria, pizzas, hambúrgueres, batatas fritas e outros snacks salgados. Este padrão alimentar excessivo seguido na idade pré-escolar tende a manter-se aos 7 anos de idade e, nas raparigas, associa-se a maior adiposidade. 

Chrono-Nutrition: The Relationship between Time-of-Day Energy and Macronutrient Intake and Children’s Body Weight Status: este estudo concluiu que as crianças que têm um padrão alimentar caracterizado por saltarem o pequeno-almoço, terem o almoço mais tarde e comerem depois do jantar, estão em maior risco de desenvolverem excesso de peso ou obesidade. Estes foram os resultados de um artigo que envolveu 1961 crianças da coorte de nascimento Geração XXI.

Association between the exposure to phthalates and adiposity: A meta-analysis in children and adults: o estudo realizou uma revisão sistemática da literatura para sumariar a relação entre a exposição ambiental a ftalatos (um grupo de compostos químicos com efeitos no sistema endócrino, presentes em produtos de utilização frequente como plásticos e produtos de higiene pessoal) e a obesidade. Embora existam resultados inconsistentes, verificou-se, no geral, que a exposição a ftalatos aumenta o risco de obesidade. 

Central and peripheral body fat distribution: Different associations with low-grade inflammation in young adults?: neste estudo foi avaliado o modo como a distribuição da gordura corporal (central versus periférica) se relaciona com os níveis de inflamação em adultos jovens (27 anos). Verificou-se que os jovens que apresentam maior deposição de gordura abdominal (central) apresentam níveis de inflamação mais elevados do que os que têm maior deposição de gordura nos membros superiores e inferiores (gordura periférica).  

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