ISPUP premiado pela European University Alliance for Global Health

Quatro trabalhos assinados por investigadoras do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) foram premiados no âmbito da “1st Annual Student Research Conference Global Health Challenges: Diseases of Modern Life”, organizada pela European University Alliance for Global Health (EUGLOH), entre os dias 28 e 30 de setembro, em formato online. 

Vanda Craveiro e Elisabete Ramos receberam o primeiro prémio de melhor comunicação oral pelo trabalho The association of insulin and HOMA-IR with body fat distribution, na categoria Noncommunicable and pandemic diseases

O estudo, que será posteriormente publicado em artigo, procurou perceber se a distribuição de gordura corporal tem influência nos níveis de insulina e de resistência à insulina numa amostra de mais de mil adultos jovens da coorte EPITeen – um estudo longitudinal que acompanha, desde 2003, um conjunto de indivíduos que nasceram em 1990 e que, à data, frequentavam as escolas públicas e privadas da cidade do Porto. 

“Das análises realizadas, verificámos que a gordura acumulada no tronco contribui mais para o aumento da insulina e da resistência à insulina, do que a massa gorda localizada nas pernas. Isto acontece não só em indivíduos com excesso de peso, mas também nos que têm um peso normal para a idade e o sexo”, afirma Vanda Craveiro, primeira autora da investigação.

A exposição dos portugueses ao metilmercúrio 

Outro trabalho distinguido foi o da investigadora Catarina Carvalho. Intitulado Methylmercury exposure in different scenarios of fish intake in the Portuguese population, o estudo, supervisionado por Duarte Torres, recebeu o segundo prémio de melhor comunicação oral, na categoria Environmental challenges: water and food contamination, climate change.

Usando uma amostra do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IAN-AF), as investigadoras avaliaram a exposição da população portuguesa ao metilmercúrio – um contaminante que é formado por ação de microrganismos, em ambiente aquático, a partir do mercúrio inorgânico, e que está presente no pescado, nomeadamente, em peixes predadores, como por exemplo o atum, peixe espada e cação. 

Como explica Catarina Carvalho, primeira autora da comunicação, “para além de avaliarmos a exposição dos portugueses ao metilmercúrio, criámos do mesmo modo cenários hipotéticos de consumo de pescado na população. Pretendemos fazer recomendações de consumo de pescado não só para a população geral, mas também para grupos específicos, onde os efeitos tóxicos decorrentes da exposição a este contaminante são mais graves. As nossas recomendações contemplam quer os riscos do metilmercúrio quer os benefícios dos ácidos gordos ómega 3”.

O trabalho, que ainda vai ser publicado em artigo, concluiu que cerca de 14% da população geral tem um consumo excessivo de metilmercúrio e que esse consumo é mais problemático nas crianças. 

O consumo de alimentos ultra-processados em Portugal

Na conferência da EUGLOH, Vânia Magalhães foi também premiada com o segundo prémio de melhor comunicação oral, na categoria Environmental challenges: water and food contamination, climate change.

Com o nome Ultra-processed foods consumption and its associated factors, in Portugal, a investigação, supervisionada por Carla Lopes, “pretendeu descrever o consumo de alimentos ultra-processados em Portugal e os fatores socioeconómicos associados a esse consumo”.

O que são alimentos ultra-processados? São formulações de ingredientes, muitos de uso exclusivo industrial, que resultam de uma série de processos industriais. Internacionalmente, este tipo de alimentos tem sido associado a piores resultados em saúde, nomeadamente, a obesidade e outras doenças cardiometabólicas, cancro e mortalidade. 

A comunicação premiada usou uma amostra de cerca de 5 mil participantes do IAN-AF, com idades entre os 3 e os 84 anos. Concluiu que, em Portugal, o consumo diário médio de alimentos ultra-processados é de 313g, o que corresponde a cerca de 13% da quantidade total de alimentos consumidos. A investigação, que será ainda publicada em artigo, salienta o grupo etário dos adolescentes como aquele que apresenta o consumo mais elevado, ultrapassando os 500g/dia.

O impacto da COVID-19 na ansiedade e depressão de estudantes universitários

Virgília Conceição foi igualmente distinguida na Conferência. A investigadora recebeu o terceiro prémio de e-poster, no âmbito da sessão Global health: miscellaneous challenges II, pelo trabalho Depression and anxiety consequences of the COVID-19 pandemic: a longitudinal cohort study with university students, supervisionado por Ricardo Gusmão.

O estudo avaliou o impacto da COVID-19 nos níveis de ansiedade e depressão de 341 estudantes da Universidade do Porto.

“Concluímos que a pandemia teve um impacto negativo na saúde mental dos jovens universitários, ao nível da sintomatologia ansiosa e depressiva, confirmando a vulnerabilidade desta população em tempos de tanta incerteza”, indica a primeira autora do trabalho, que será futuramente publicado em artigo.

Para mais informações sobre a conferência organizada pela European University Alliance for Global Health (EUGLOH), na qual o ISPUP foi premiado, consulte o link.

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