Dia Mundial da Prematuridade

17 de novembro assinala-se o Dia Mundial da Prematuridade.

A cada ano, 15 milhões de bebés nascem prematuros (com menos de 37 semanas de gestação). A prematuridade é a principal causa de morte em crianças com menos de cinco anos de idade. Graças aos cuidados pré-natais e neonatais, as taxas de sobrevivência têm melhorado nas últimas 4 décadas, chegando a 80-90% em países desenvolvidos. Contudo, entre os sobreviventes, a frequência de doenças e de problemas de saúde é substancial, tanto a curto como a longo prazo.

A investigação é essencial para procurar soluções com vista a melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida dos bebés prematuros. Ao longo do ano de 2020, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) deu continuidade ao trabalho iniciado em dezembro de 2019 no âmbito do HAPP-e, a primeira coorte online de adultos prematuros a nível mundial, para estudar a saúde dos adultos que nasceram prematuros, usando ferramentas digitais.

Publicaram-se ainda vários estudos em revistas internacionais, muitos dos quais elaborados a partir dos dados do projeto europeu EPICE/SHIPS.

Apresentamos alguns dos artigos que foram publicados.

– Cohort profile: Effective Perinatal Intensive Care in Europe (EPICE) very preterm birth cohort: neste artigo, faz-se uma descrição do perfil da coorte europeia EPICE, na qual participam 6.792 crianças provenientes de 19 regiões de 11 países europeus (incluindo Portugal), que nasceram muito pré-termo (entre as 22 e 31 semanas de gestação). As crianças foram recrutadas em 2011/2012. O artigo encontra-se disponível AQUI.

– Managing mother’s own milk for very preterm infants in neonatal units in 11 European countries: neste estudo, comparou-se as práticas de manuseamento e de administração de leite materno a recém-nascidos muito pré-termo em várias Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais (UCINs), de 11 países europeus. Concluiu-se que as práticas de manuseamento do leite das próprias mães variaram entre países e até entre as UCINs de um mesmo país. Estas variações podem refletir a ausência de recomendações a nível internacional sobre quais as melhores práticas a adotar nesta área. O artigo encontra-se disponível AQUI.

– What drives change in neonatal intensive care units? A qualitative study with physicians and nurses in six European countries: este estudo explorou os fatores que conduzem à introdução de mudanças clínicas e organizacionais em Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais (UCINs). Foram auscultados médicos e enfermeiras, de 6 países, e concluiu-se que são vários os fatores que motivam a introdução de normas ou de tratamentos inovadores nas UCINs. Destacam-se razões externas à Unidade, como a publicação de uma nova regulamentação ou diretriz oficial que precisa de ser implementada, e fatores externos, como a ocorrência de eventos adversos, o desejo de melhorar os cuidados de saúde e a participação em projetos de investigação e congressos. O artigo encontra-se disponível AQUI.

– Unit policies regarding tocolysis after preterm premature rupture of membranes: association with latency, neonatal and 2-year outcomes (EPICE cohort): os resultados deste estudo, que usou dados da coorte europeia EPICE, sugerem a ausência de benefícios obstétricos ou neonatais associados ao uso de tocolíticos, nomeadamente quando tratamentos baseados em evidência (como os esteróides pré-natais e os antibióticos) são rotineiramente oferecidos a mulheres com rotura prematura de membranas. O artigo encontra-se disponível AQUI.

– The impact of choice of norms on classification of motor impairment for children born very preterm: este estudo foca-se nas implicações do uso de normas de referência para a classificação do funcionamento motor numa coorte de crianças portuguesas de cinco anos nascidas muito prematuras, usando o Movement ABC 2. Este é um teste com normas ajustadas à idade que, à semelhança de muitos outros testes psicológicos, não tem até à data normas de referência ajustadas à população portuguesa. Os resultados do artigo revelam que, dependendo das normas de referência usadas, a prevalência de problemas motores significativos nestas crianças, varia entre 11% e 29%. O uso de diferentes normas tem um grande impacto na proporção de crianças que são classificadas como tendo problemas motores significativos, o que tem implicações ao nível da referenciação para tratamento e dos custos em saúde. O artigo encontra-se disponível AQUI.

– Prematurity-related Knowledge Among Mothers and Fathers of Very Preterm Infants:neste estudo concluiu-se que as mães e pais que passaram pela experiência de ter pelo menos um filho muito prematuro (nascido antes das 32 semanas de gestação) apresentam lacunas no conhecimento acerca das causas e consequências da prematuridade. O artigo, que se encontra disponível AQUI, avaliou o nível de conhecimento de 196 mães e pais sobre a prevalência da prematuridade em Portugal e sobre as causas e as consequências de um parto prematuro.

– Neurodevelopment at age 2 and umbilical artery Doppler in cases of preterm birth after prenatal hypertensive disorder or suspected fetal growth restriction: the EPIPAGE 2 prospective population-based cohort study: este estudo mostra que um resultado anormal do Doppler da artéria umbilical está associado à morte perinatal, principalmente em crianças que nasceram muito prematuras, devido à restrição do crescimento fetal e/ou à hipertensão materna. O artigo (disponível AQUI) destaca também que há um risco maior de deficiência neuromotora e/ou sensorial entre os sobreviventes com fluxo diastólico final ausente ou reverso, em comparação com os que têm fluxo diastólico final normal ou reduzido.

– The impact of chorionicity on pregnancy outcome and neurodevelopment at 2 years old among twins born preterm: the EPIPAGE-2 cohort study: com base na análise de 1.700 gémeos participantes da coorte EPIPAGE-2, este artigo confirma que as gestações monocoriónicas (com a mesma placenta) apresentam um risco aumentado de resultados perinatais adversos. No entanto, os resultados em saúde entre gémeos prematuros admitidos em unidades de cuidados intensivos neonatais, são comparáveis, independentemente da sua corionicidade. O artigo encontra-se disponível AQUI.

– Planned delivery route and outcomes of cephalic singletons born spontaneously at 24-31 weeks’ gestation: The EPIPAGE-2 cohort study: o tipo de parto em bebés prematuros continua a ser uma fonte de preocupação na prática clínica. Este estudo (disponível AQUI) mostra que para os bebés que nasceram com apresentação cefálica (de cabeça para baixo) entre as 24 e 31 semanas de gestação, e após trabalho de parto prematuro ou rotura prematura de membranas, uma cesariana planeada não apresentou melhores resultados neonatais em comparação com o parto vaginal planeado.

– Association between extremely preterm caesarean delivery and maternal depressive and anxious symptoms: a national population-based cohort study: neste estudo, que usou dados da coorte francesa EPIPAGE‐2, concluiu-se que as mães que realizaram um parto por cesariana, antes das 26 semanas de gestação, apresentaram um elevado risco de desenvolverem sintomas de depressão, em comparação com as mães que tiveram partos por cesariana depois das 26 semanas. O artigo encontra-se disponível AQUI.

– Association of Chorioamnionitis With Cerebral Palsy at Two Years After Spontaneous Very Preterm Birth: The EPIPAGE-2 Cohort Study: realizado na coorte francesa EPIPAGE-2, este artigo mostrou que há um aumento no risco de paralisia cerebral – a causa mais comum de deficiência motora em crianças pequenas – em bebés de 2 anos que nasceram muito prematuros, como resultado de um trabalho de parto prematuro espontâneo ou rotura de membranas e que foram expostos a corioamnionite clínica. O artigo encontra-se disponível AQUI.

– Improving Understanding of Participation and Attrition Phenomena in European Cohort Studies: Protocol for a Multi-Situated Qualitative Study: esta investigação incluiu 92 participantes de coortes europeias de crianças e adultos, de seis países com diferentes configurações socioeconómicas e culturais. O objetivo foi compreender os fenómenos que levam à participação ou ao abandono das coortes, de forma a delinear novas estratégias que ajudem a aumentar a retenção e a permanência dos participantes. O artigo, que pode ser consultado AQUI, realça a importância de explorar a interação entre os investigadores nas coortes e os seus participantes, de forma a colmatar as lacunas existentes quanto à falta de conhecimento sobre a variabilidade da participação e a eficácia das diferentes estratégias implementadas para fomentar a adesão.

Imagem: Pixabay/bingngu93

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