O contributo de estágios em Unidades de Saúde Pública na formação em Medicina

Uma análise, levada a cabo pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), aos estágios curriculares em Unidades de Saúde Pública realizados no 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da U.Porto, demonstrou que a sua inclusão no plano formativo ajuda os estudantes a compreenderem melhor a abrangência da Saúde Pública e a sua dinâmica no terreno, diminuindo a sua falta de conhecimento sobre a especialidade.

Esta análise teve em conta a opinião de estudantes do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina sobre o módulo de Saúde Pública que foi introduzido pela primeira vez no curso, no letivo de 2018/2019.

“Neste módulo, para além do estágio de três semanas nas Unidades de Saúde Pública, decidimos incluir um dia de seminário, depois alargado para dois dias, de forma a introduzir os conceitos base de Saúde Pública aos alunos, um formato que não é comum em Portugal nem em outros países”, explica Teresa Leão, primeira autora do artigo, coordenado por Henrique Barros.

O objetivo “era dar aos estudantes de Medicina a possibilidade de contactarem na prática com a Saúde Pública, uma vez que se trata de uma especialidade que a maior parte deles desconhece”, frisa a docente e investigadora do ISPUP. 

A experiência dos estudantes nas Unidades de Saúde Pública

A avaliação global dos alunos foi positiva. Através dos estágios, a maioria reportou ter compreendido melhor a importância das Unidades de Saúde Pública e do trabalho das equipas que as compõem, tendo ao mesmo tempo adquirido conhecimentos práticos sobre áreas fundamentais para a especialidade.

Tendo em conta que alguns estudantes não puderam acompanhar na prática algumas das atividades centrais da especialidade, como é o caso da investigação de surtos, procedeu-se, entretanto, ao ajustamento do programa do módulo, com a inclusão de simulações em aula.  

Para Teresa Leão, “a avaliação do módulo de Saúde Pública foi francamente positiva. Neste momento, temos já um conjunto de médicos que terminaram a sua formação geral e que ficaram a conhecer o que se faz numa Unidade de Saúde Pública e os profissionais que o fazem. Este conhecimento é fundamental para garantir uma maior articulação entre o clínico e o profissional de Saúde Pública. A comunicação entre as várias especialidades é crucial para se alcançar melhores resultados em saúde”.

Os autores esperam que este bom exemplo possa ser reproduzido em outros cursos de Medicina no país, já que trazem ganhos não só para os estudantes, mas também para as próprias Unidades de Saúde Pública, que podem receber ideias novas e abordagens diferentes.

O artigo designa-se Merging academy and healthcare in the Public Health training of medical students e foi publicado na revista Public Health Reviews.

Imagem: Pixabay/mariohagen

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