ISPUP coordena estudo sobre Monkeypox entre homens gay, bissexuais e outros homens que têm sexo com homens

Uma equipa de investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) está responsável pela coordenação, em Portugal, de um estudo – o LIBERO-POX – conduzido na Península Ibérica e na América Latina, sobre conhecimentos, atitudes, comportamentos e práticas relacionados com a infeção humana pelo vírus Monkeypox  em homens gay, bissexuais e outros homens que têm sexo com homens (GBHSH).  

Estudo visa descrever o conhecimento da comunidade GBHSH sobre a doença

Para tal, será divulgado um questionário online – desenvolvido pela RIGHT PLUS (Rede Ibero-Americana de Estudos na comunidade GBHSH e pessoas trans) – através de organizações ligadas à comunidade GBHSH, através do Grindr (app de encontros para pessoas gay, bi, trans e queer) e entre os participantes de estudos de coorte de homens que têm sexo com homens (HSH) – no caso de Portugal, a Lisbon Cohort of MSM.  

Para participar neste estudo, tem que se identificar como homem gay, bissexual ou homem que tem sexo com homens, ter 18 anos ou mais e residir num dos países incluídos no estudo, neste caso, em Portugal. A participação é voluntária, anónima e não deve demorar mais de 15 minutos. 

Entre outros dados importantes, este estudo visa descrever o conhecimento da comunidade GBHSH sobre a doença e os seus comportamentos preventivos e pretende também analisar toda a dimensão do estigma associado à infeção.  

Um vírus com forte estigma social

Neste ano de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou a infeção humana por Monkeypox uma Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional. Espanha é um dos países mais afetados globalmente, com 5792 casos registados de maio a agosto de 2022. Portugal foi dos primeiros países a reportar casos de infeção, somando 789 casos registados até setembro de 2022.  

Verifica-se também que este mais recente surto de Monkeypox tem afetado desproporcionalmente homens gay, bissexuais ou outros homens que têm sexo com homens (GBHSH). Nos casos reportados, estes indivíduos manifestam, frequentemente, lesões na zona ano-genital, que sugerem uma transmissão da doença associada ao contacto íntimo sexual, embora seja importante referir que não se confirmou, ainda, inequivocamente, que o vírus se transmite por via sexual. 

Ainda no que diz respeito aos sintomas e consequências deste vírus, é importante reforçar que este não afeta apenas a saúde física dos infetados, mas que tem também efeitos que não podem ser negligenciados ao nível do seu bem-estar, da sua qualidade de vida e da sua saúde mental.  

Com esta realidade em mente, importa procurar respostas adequadas a todas as dimensões desta doença e, neste sentido, é crucial o envolvimento das comunidades afetadas e da sociedade civil em estudos como este, cujas conclusões contribuirão, certamente, para definir prioridades, melhorar a resposta a esta emergência de saúde pública e aos fenómenos associados à discriminação das pessoas ou grupos de pessoas infetadas. 

Onde podes participar

A equipa de investigação do LIBERO-POX/RIGHT PLUS é o órgão que estabelece e gere os procedimentos técnico-científicos para a utilização e publicação dos dados recolhidos neste questionário e associados ao projeto.  

O questionário LIBERO-POX pode ser consultado e respondido no site da RIGHT PLUS. 

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