A Association of Schools of Public Health in the European Region (ASPHER), em colaboração com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), publicou um relatório que faz uma revisão da literatura existente sobre a precisão dos testes para a deteção da infeção por SARS-CoV-2, o vírus causador da doença COVID-19.
O relatório, intitulado COVID-19 testing: A reflection on test accuracy in the real world, aborda o desempenho dos testes moleculares e serológicos, as preocupações e as incertezas existentes sobre a interpretação dos resultados, e pretende ser útil para os profissionais de saúde e decisores políticos.
Apesar de os testes tenderem a ser bastante precisos sob condições laboratoriais, o seu desempenho no “mundo real” não é conhecido e pode não corresponder exatamente ao nível de precisão do laboratório.
Por essa razão, a revisão da literatura procurou perceber qual o desempenho real dos testes (sensibilidade e especificidade) na população e as suas implicações.
Foram considerados os dois tipos de testes disponíveis, atualmente, para a COVID-19: os testes moleculares, que detetam a presença de material genético do vírus, e que são usados para o diagnóstico da doença; e os testes serológicos, que detetam anticorpos específicos para o vírus, e que são utilizados para identificar se houve exposição prévia ao vírus.
Entre vários dos aspetos mencionados no relatório, chama-se a atenção para a proporção de falsos negativos entre os resultados dos testes moleculares (ou seja, o indivíduo está com a infeção, mas o resultado do teste acusa negativo).
Sensibilidade estimada de 89% para o teste RT-PCR
Uma meta-análise, citada no documento estimou a sensibilidade combinada do RT-PCR em 89%. Tal significa que 11% dos testes podem ser falsos negativos. A proporção de falsos negativos varia de acordo com o exsudado analisado, a gravidade da doença e o tempo desde o início dos sintomas.
Note-se que a admissão dos indivíduos que tiveram um teste falso negativo na sociedade, pode abrir uma oportunidade para a disseminação do vírus em pessoas suscetíveis.
Estudos sobre precisão dos testes serológicos ainda são escassos
No que concerne os testes serológicos, os estudos sobre a precisão dos mesmos são ainda escassos. De momento, a Organização Mundial da Saúde não os recomenda para uso clínico. A nível populacional, estes testes permitem perceber a extensão da população que foi exposta ao vírus e ajustar as medidas de saúde pública.
De sublinhar que é imprudente, à luz do conhecimento atual, falar de “passaporte imunológico”, uma vez que a dinâmica temporal dos anticorpos ainda não é clara nem sabemos se os anticorpos produzidos são neutralizantes, ou seja, se conferem algum grau de proteção contra uma reinfeção.
Pode consultar o relatório AQUI e a Declaração das ASPHER AQUI.
Imagem: Pixabay/fernandozhiminaicela