Investigadora do ISPUP recebe bolsa Marie Curie que premeia investigação de excelência

Apenas 11,4% das candidaturas submetidas em Portugal foram selecionadas | Foto: DR

Susana Santos, investigadora doutorada em Saúde Pública, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), foi distinguida com uma Bolsa Marie Skłodowska-Curie pós-doutoral, financiada pela União Europeia, no valor de 172 mil euros. O financiamento permitirá à investigadora desenvolver o projeto URBANE, que visa estudar os efeitos da exposição ao ambiente urbano durante a gravidez e infância no risco de multimorbilidade na adolescência.

Esta prestigiada bolsa promove a investigação de excelência e o reinício da carreira de investigadores que apresentem grande potencial e pretendam desenvolver investigação num país estrangeiro ou regressar ao seu país de origem após experiência internacional, como é o caso da nossa investigadora.

“Para mim, receber uma Bolsa Marie Curie é um reconhecimento muito importante de todo o meu percurso científico até então e é também uma oportunidade única de valorização e enriquecimento das minhas competências científicas e transversais.”

Susana Santos

No âmbito do financiamento desta bolsa – sob a coordenação do ISPUP e com a supervisão do presidente do ISPUP, Henrique Barros – Susana Santos terá agora um período de dois anos para desenvolver o projeto URBANE, com recurso a dados da Coorte Geração 21. “Durante o projeto, também terei oportunidade de passar um período na Universidade de Bristol contatando diretamente e colaborando ativamente com investigadores de renome na área da epigenética.”, acrescenta a investigadora.

Multimorbilidade é um problema de saúde pública pouco estudado em idades mais jovens

O projeto URBANE pretende estudar os efeitos da exposição ao ambiente urbano durante a gravidez e infância no risco de multimorbilidade na adolescência. Além disso, também visa estudar os mecanismos subjacentes a estas associações, nomeadamente mecanismos epigenéticos e hormonais. Trata-se de um projeto inovador porque usa uma abordagem do exposoma para o estudo da exposição ao ambiente urbano (isto é, foca se no seu estudo de forma holística e integrada) mas também porque pretende estudar a multimorbilidade, que é um problema de saúde pública até então pouco estudado em idades mais jovens, mas que é também cada vez mais prevalente e preocupante.

Além do desenvolvimento do projeto em questão, durante dois anos, este financiamento irá permitir à investigadora do ISPUP investir na sua formação científica, tendo oportunidade de frequentar cursos e eventos científicos e ainda usufruir de períodos de mobilidade noutros grupos de investigação internacionais.

“No URBANE, eu aposto numa abordagem interdisciplinar englobando conhecimento de várias áreas e, por isso, integro uma equipa de investigação bastante multidisciplinar, que inclui investigadores do ISPUP mas também de outros grupos internacionais.”, acrescenta Susana Santos.

Apenas 11,4% das candidaturas submetidas em Portugal foram selecionadas

Inspirada pelo nome da cientista franco-polaca Marie Curie, vencedora de dois prémios Nobel e reconhecida, mundialmente pelo seu trabalho no domínio da radioatividade, esta bolsa tem como critérios de avaliação e pontuação a excelência, o impacto e a qualidade e eficiência da implementação dos projetos candidatos. Na decisão final pesam também outros critérios como a qualidade do supervisor científico, neste caso, Henrique Barros, e da instituição de acolhimento, o ISPUP, sendo avaliada a capacidade destes para auxiliarem no desenvolvimento da carreira científica do investigador.

Para esta edição de 2022/23, a Comissão Europeia, ao abrigo do atual programa quadro – Horizonte Europa, atribuiu um total de 257 milhões de euros para o financiamento dos projetos candidatos que cumprissem os critérios de atribuição. Num universo de 7044 projetos submetidos, foram selecionados 17,5%, correspondentes a um total de 1235 investigadores pós-doutorados, de 80 nacionalidades, que irão agora desenvolver os seus projetos em 48 países da Europa e do Mundo.

Em Portugal, a taxa de sucesso para a atribuição desta bolsa tem vindo a melhorar nos últimos anos, embora esteja ainda abaixo da média europeia. Para esta edição de 2022/23, foi atribuído financiamento a 25 instituições portuguesas, que representam 11,4% das candidaturas apresentadas.

Estes números destacam a relevância da conquista da nossa investigadora, Susana Santos, que fica assim entre as melhores do mundo na área da investigação científica em saúde pública.

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