Investigadores do ISPUP criam projeto para melhorar saúde física e mental de reclusos

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) vão desenvolver um projeto no estabelecimento prisional da Polícia Judiciária (PJ) do Porto e em Custóias, com o intuito de melhorar a saúde física e mental dos reclusos.

O projeto, designado Physical activity interventions to improve the quality of life of Prisoners, desenvolvido pelos investigadores do ISPUP, Firmino Machado, Mariana Santos e Romeu Mendes, visa disponibilizar gratuitamente aos reclusos um Programa de atividade física, a ser implementado ao longo de dois anos.

O Programa a implementar pretende também modificar os fatores cardiovasculares dos reclusos, como o peso e a pressão arterial, para além de reforçar a sua prática de exercício.

“Estes indivíduos, quando são admitidos nos estabelecimentos prisionais, já apresentam um conjunto de fatores de risco cardiovasculares desfavoráveis. Estes fatores são agravados em contexto prisional, não só porque os reclusos ficam mais sedentários, mas também porque iniciam ou agravam comportamentos de risco, nomeadamente, o consumo de tabaco, álcool e drogas”, refere Firmino Machado, médico de saúde pública e investigador do ISPUP, no laboratório de Epidemiologia do Cancro, que integra o Laboratório associado para a Investigação Integrativa e Translacional em Saúde Populacional (ITR).

Uma das atividades propostas é o futebol de rua, modalidade promovida pela FIFA, e que comporta baixos custos, sendo normalmente realizada em contexto comunitário, em recintos que não são convencionais para a prática de futebol. As atividades desportivas a dinamizar visam, igualmente, reduzir a ansiedade e a depressão entre esta população.

Ao longo do primeiro ano do projeto, será feita a sua implementação, através da prática de atividade física em grupo, supervisionada por um professor de educação física, e no segundo ano será avaliada a manutenção dos hábitos de treino por parte dos reclusos.

“O que pretendemos é que esta prática tenha um efeito a longo prazo e que, compreendendo o benefício que traz a prática de atividade física, o recluso a incorpore nos seus hábitos e quotidiano”, remata Firmino Machado.

O projeto está a ser desenvolvido em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), e vai ser implementando no estabelecimento prisional da Polícia Judiciaria (PJ) do Porto, que tem entre 30 a 40 reclusos, e no estabelecimento prisional de Custóias, que conta com cerca de 1.000 reclusos.

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