PathMOB: Risco cardiometabólico na infância: desde o início da vida ao fim da infância

Ana Cristina Santos

Investigador responsável

Colaborador

Tipo de projeto:

Nacional

Referência:

POCI-01-0145-FEDER-016837

Fontes de financiamento:

FEDER

Data de início:

15/05/2016

Data (prevista) de conclusão:

15/05/2019

Orçamento total:

196.000,00€

Linha de investigação:

L1- Investigação do curso de vida e envelhecimento saudável

Laboratório de investigação:

Trajetórias do curso de vida subjacentes ao desenvolvimento de obesidade e saúde cardiometabólica

Resumo:

A obesidade atingiu proporções epidémicas nas crianças europeias e percursores da diabetes tipo 2 e de doença cardiovascular são já descritos na infância. O ambiente no início da vida, incluindo no período pré-natal, é cada vez mais reconhecido como preditor de doença crónica ao longo da vida. Tem sido demonstrado o efeito do baixo peso à nascença no risco metabólico do adulto, estando este risco associado à obesidade, que por sua vez se associa ao ganho de peso na infância. Assim, o crescimento da criança e do adolescente parece ser crítico no futuro risco metabólico (1, 2). De facto, foi sugerido que é a adaptação do crescimento pós-natal, e não o baixo peso à nascença per se, que mais contribui para o futuro risco de doença (1, 2). Vários períodos da vida pós-natal têm sido descritos como críticos para o desenvolvimento do risco metabólico, como a fase do ressalto adipocitário na infância ou a transição para a adolescência (2-11), mas o impacto destes momentos no desenvolvimento da adiposidade e do risco cardiometabólico, está ainda por esclarecer.

A análise de dados ao longo da vida permite-nos examinar a dinâmica existente entre variáveis de interesse e de que forma estas mudam e interagem ao longo da vida, os seus determinantes e como os padrões de mudança se relacionam com a saúde. As coortes de nascimento são a melhor forma de abordar este problema, pois existe um seguimento da criança desde o nascimento ao longo da vida, sendo uma oportunidade única para recolher informação longitudinalmente sobre as variáveis de interesse (12, 13). Esta metodologia dá-nos informação fundamental sobre exposições fetais e pós-natais, a quantidade e padrão de ganho de peso da
criança e a transição para a adolescência (14). Além disso, permite também avaliar as associações entre estes fatores e o desenvolvimento de etiologias com o objetivo de reduzir a carga global de doença.

Este projeto será inserido na coorte Geração XXI, uma coorte de nascimento de base populacional estabelecida em 2005/2006 que envolve mais de 8600 crianças nascidas no Porto, Portugal. A coorte foi avaliada em dois momentos: aos 4 e aos 7 anos de idade. A Geração XXI é um recurso do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e tem, atualmente, diversos meios de financiamento e uma equipa de investigação bem estabelecida. A IP do projeto é a coordenadora executiva da Geração XXI desde 2009.

Este projeto tem como objetivo principal perceber o estabelecimento da obesidade na criança e o efeito na saúde cardiometabólica, usando uma metodologia longitudinal, identificando períodos críticos e avaliando riscos cumulativos. Mais especificamente, são objetivos: a) estimar a incidência de obesidade e dos diferentes fenótipos de distribuição de gordura corporal em crianças portuguesas; b) perceber se a trajetória de crescimento e desenvolvimento afeta a saúde cardiometabólica aos 10 anos de idade; c) avaliar o efeito do crescimento na saúde cardiometabólica independentemente do ganho final de adiposidade; d) perceber o impacto do ressalto adipocitário (precoce vs. tardio) no crescimento e no risco metabólico da criança; e) avaliar o efeito da menarca precoce (≤ 10 anos de idade) nos fatores de risco metabólico aos 10 anos de idade e como isso afeta a associação entre o crescimento e os fatores de risco metabólico, nas meninas.

Os dados da Geração XXI foram obtidos através de questionários estruturados com informação sobre variáveis demográficas e de estilo de vida e história médica passada e atual, tanto da mãe como da criança. Informações sobre o parto, complicações pós-parto e antropometria ao nascimento foram obtidas através de registos clínicos. Amostras de sangue da mãe e da criança foram recolhidas ao longo dos anos e informação sobre indicadores bioquímicos e metabólicos (ex.: glicose, insulina, lípidos sanguíneos, adipocinas) estão disponíveis desde o nascimento.

O crescimento das crianças e as exposições durante a infância têm sido monitorizados desde o nascimento, e todos os dados relativos às medições do peso e comprimento/estatura das crianças ao longo dos anos foram extraídos do Boletim de Saúde Infantil, permitindo o estabelecimento das trajetórias longitudinais de crescimento para a população portuguesa até aos 7 anos de idade.

Toda a coorte será convidada para uma nova avaliação planeada para começar em 2015. As crianças, com 10 anos de idade, serão avaliadas usando questionários estruturados e a antropometria será avaliada medindo o peso, altura, circunferências da cintura, anca, braço, coxa e tórax, bioimpedância tetrapolar e, numa subamostra, um DXA de corpo inteiro será realizado. A pressão arterial será avaliada e amostras de sangue serão colhidas, como indicadores do risco cardiometabólico.

A aprovação ética para o estudo foi obtida dos comités de ética institucionais relevantes e todos os procedimentos éticos a respeito do consentimento informado foram seguidos.

Equipa de investigação