O período de crescimento entre o primeiro e o terceiro anos de vida é particularmente importante para a qualidade óssea aos 7 anos de idade. A conclusão consta de um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), publicado na revista “Bone”.
Sabe-se que a qualidade óssea é, em grande parte, conservada desde as primeiras décadas de vida e que é modulada por interações entre os genes e o ambiente. Também se reconhece que o peso e a altura são fundamentais para as propriedades do osso, desde idades pediátricas.
No entanto, “faltava esclarecer se haveria algum período sensível durante o crescimento que fosse particularmente importante para a qualidade do osso na infância, mais concretamente aos 7 anos de idade”, refere Teresa Monjardino, primeira autora do estudo, coordenado pela investigadora Raquel Lucas.
Para levarem a cabo a análise, os investigadores usaram dados de cerca de 1900 crianças que integram a coorte Geração XXI – um estudo longitudinal que segue, desde 2005, 8600 participantes que nasceram nas maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto.
Os investigadores acederam aos dados de rotina relativos ao crescimento e desenvolvimento da criança (peso, comprimento/altura), desde o seu nascimento, através do Boletim de Saúde Infantil. Obtiveram também informação sobre a qualidade óssea das crianças, aos 7 anos de idade, através do exame de absorciometria de raio-X de dupla energia (DXA), realizado na altura da avaliação dos 7 anos dos participantes da coorte. Depois, compararam o crescimento em peso e em comprimento/altura das crianças com a qualidade do seu osso.
Verificou-se que o crescimento entre os um e os três anos é particularmente importante para a qualidade óssea aos 7. Segundo Teresa Monjardino, tal poderá explicar-se pelo facto de “nestas idades as crianças começarem a adotar uma postura vertical e iniciarem a marcha. Há uma alteração gravitacional. Os músculos começam a ter outro tipo de movimentação que é muito relevante para a formação óssea”.
Apesar de todos os períodos de crescimento serem importantes para o osso, este, em particular, revelou-se mais relevante, pelo que “importa que os pais estejam atentos a alguma alteração de crescimento nesta altura, que seja provocada, por exemplo, por alguma doença, e que possa afetar a qualidade óssea mais tarde”, adianta.
Tendo este aspeto em consideração, é aconselhável “manter o seguimento normal das crianças pelo seu médico de família, para que se possam detetar alterações que afetem o crescimento expectável da criança. É importante não falhar esses seguimentos”, conclui.
O artigo, desenvolvido no âmbito da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP, designa-se Early childhood as a sensitive period for the effect of growth on childhood bone mass: Evidence from Generation XXI birth cohort . As investigadoras Joana Amaro, Maria João Fonseca, Teresa Rodrigues e Ana Cristina Santos também participaram no estudo.
Imagem: Brett Sayles/Pexels