Com a pandemia de COVID-19 muito se tem falado sobre Epidemiologia e várias são as questões que têm surgido relativamente às funções de um epidemiologista.
Assim, importa perguntar: qual é a função de um epidemiologista e o que faz exatamente este profissional?
Em primeiro lugar, comecemos por definir o que é a Epidemiologia. A Epidemiologia é uma ciência que estuda os fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas populações humanas.
Além de analisar a distribuição e os fatores que condicionam a saúde da população, cabe à Epidemiologia a identificação de medidas de prevenção, o controle ou ainda a eliminação de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças e eventos que afetam a saúde. Esta área do saber visa conhecer a saúde das populações e encontrar soluções para a melhorar.
Retomando a questão inicial, um epidemiologista é um profissional com formação específica em Epidemiologia, o que lhe permite identificar e desenhar as metodologias e instrumentos mais adequados para a recolha e análise das informações indispensáveis para responder aos objetivos da Epidemiologia.
Concretamente, o epidemiologista usa os seus conhecimentos específicos para investigar as causas das doenças, identificar grupos de maior risco, determinar estratégias de controlo do evento em causa e apontar formas de prevenção. É também responsável por definir indicadores que sirvam de suporte ao planeamento, gestão e avaliação das ações de Saúde.
A necessidade de um conhecimento multidisciplinar
A prática da Epidemiologia envolve conhecimentos de diversas áreas científicas, como a Medicina, a Matemática ou a Demografia. Por essa razão, vários profissionais de setores distintos, podem exercer funções nesta área, desde que tenham uma formação complementar específica em Epidemiologia.
Como se obtém esta formação? Através de um Mestrado ou Doutoramento em Epidemiologia ou em áreas afins com especialização em Epidemiologia, ou ainda mediante um curso na área reconhecido como tal.
Em Portugal, a Epidemiologia não está reconhecida enquanto profissão e a APE é o órgão científico que agrega os profissionais que desenvolvem atividade nesta área. De momento, a Associação conta com cerca de 280 associados.
O papel do ISPUP na formação e investigação em Epidemiologia
Embora só recentemente as atenções se tenham voltado para a Epidemiologia, há 15 anos que o ISPUP contribui para a formação de epidemiologistas e para o desenvolvimento de investigação epidemiológica.
De facto, além de receber investigadores nacionais e internacionais que procuram o Instituto como local de referência para desenvolverem as suas investigações, o ISPUP contribui para a formação em epidemiologia dos futuros médicos com especialidade em Saúde Pública através do Curso de Especialização em Saúde Pública (CESP). É também um elemento fundamental na formação dos alunos do Doutoramento e do Mestrado em Saúde Pública da Universidade do Porto, nomeadamente no desenho e desenvolvimento de teses que visam obter como área de especialização a Epidemiologia.
No que toca a investigação, através da sua Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit), o ISPUP tem-se posicionado na vanguarda da produção científica nesta área do conhecimento, aplicando os métodos epidemiológicos no estudo de diversas doenças, no desenho de intervenções com impacto na saúde das populações e na avaliação dos cuidados de saúde. A quantidade e qualidade do trabalho produzido pode ser avaliado pela produção científica que se encontra publicada.
Vejamos os números. De 2015 a 2020, a EPIUnit produziu mais de 1600 publicações onde se incluem capítulos de livros, livros, editoriais, cartas ao editor e relatórios. Considerando apenas as publicações com revisão por pares, nos últimos 5 anos, publicou mais de 1500 artigos (4% dos artigos foram publicados em revistas com fator de impacto superior a 10, dos quais metade foram publicados em revistas cujo fator de impacto é maior ou igual a 40).
Na EPIUnit trabalham 188 investigadores: 111 doutorados e 77 não doutorados.
Para finalizar, em 2019, a EPIUnit recebeu a distinção de “Excelente” pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito do processo de avaliação das Unidades de Investigação e Desenvolvimento 2017/2018.