Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluiu que a prática de exercício de alto impacto, como a corrida e o futebol, pode contribuir para o aumento da massa óssea na adolescência.
Os investigadores verificaram que os benefícios do exercício não se fazem sentir apenas nos ossos diretamente sujeitos ao impacto da atividade física, mas também naqueles que não o são. Assim, o exercício de alto impacto promove a melhoria global dos níveis de massa óssea.
O artigo, intitulado The effect of impact exercise on bone mineral density: A longitudinal study on non-athlete adolescents, procurou averiguar o impacto do exercício físico na densidade óssea de um conjunto de adolescentes, ao longo do tempo.
Sabe-se que o exercício físico contribui para aumentar a massa óssea, e que esse efeito depende do tipo de exercício praticado. Por exemplo, uma atividade como a corrida, que é considerada um exercício de impacto, tem um maior efeito do que a natação, que pode ser considerada uma atividade sem impacto.
“No entanto, não é claro se o efeito do exercício é apenas local, isto é, nos ossos sujeitos ao impacto, ou se existe também um efeito nos ossos que não estão diretamente sujeitos ao impacto do exercício”, esclarecem os investigadores envolvidos no estudo, cuja coordenadora é Elisabete Ramos.
Para esclarecerem a questão, os investigadores avaliaram 1137 adolescentes participantes na coorte EPITeen que, aos 13 e aos 17 anos de idade, forneceram informação sobre a prática de exercício físico e realizaram a avaliação da densidade mineral óssea do rádio (osso do antebraço). A recolha de informação nestas duas idades permitiu ver a evolução de densidade óssea ao longo do tempo, e o efeito do exercício físico nesse período.
Os adolescentes avaliados foram classificados em três grupos – os que não praticavam nenhum exercício físico, os que praticavam exercício físico de baixo impacto, como natação, e os praticantes de exercício físico de alto impacto, como a dança ou o futebol.
E o que se verificou? Nos rapazes, concluiu-se que os que praticavam exercício físico de alto impacto apresentaram maior densidade mineral óssea do antebraço e tiveram também o maior aumento da densidade mineral óssea entre os 13 e os 17 anos.
Relativamente às raparigas, não foram observadas diferenças significativas de acordo com o tipo de exercício físico praticado.
“Estes resultados suportam a hipótese de que o efeito do exercício físico na massa óssea não seja apenas localizado”, referem os investigadores.
“O exercício físico, em especial o de alto impacto, poderá ter um importante papel no desenvolvimento da densidade mineral óssea, ao longo da adolescência, e este efeito ocorre não só na zona específica de impacto da atividade praticada, promovendo a melhoria global dos níveis de massa óssea.”
Para além de Elisabete Ramos, participaram no estudo os investigadores Daniela Simões, Vanda Craveiro, Maria Paula Santos, Miguel Camões e Bruno Pires.
O estudo foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) através do Orçamento de Estado Português e do orçamento da Comunidade Europeia (Fundo Social Europeu).
Imagem: Hal Gatewood/Unsplash