A violência é uma das causas de stresse mais frequentes e graves no ser humano, sendo que a exposição a situações de violência pode deixar marcas no corpo e mente.
A exposição contínua à violência na infância tem impacto no desenvolvimento infantil, desencadeando vulnerabilidades psicossociais, tais como défices em competências sociais e na regulação emocional, e aumentando a tendência para a adoção de comportamentos de risco na fase da adolescência como mecanismo de compensação, o que resulta, consequentemente, em piores resultados sociais e de saúde em fases mais avançadas da vida. A exposição à violência não só causa muito sofrimento, como pode ser biologicamente incorporada, programando a biologia da criança numa trajetória de risco acrescido para desenvolver doenças crónicas.
No entanto, pouco se sabe acera da relação complexa entre a exposição à violência e os resultados em saúde e como é que ela é incorporada e dá origem a respostas biológicas endógenas.
Com base na coorte Geração 21, com informação sobre a exposição à violência e parâmetros biológicos desde o nascimento, este projeto foca-se nos efeitos invisíveis da violência e tem como objetivo investigar os mecanismos biológicos da incorporação da violência, avaliar os períodos críticos em que um episódio isolado tem um efeito biológico mais acentuado comparando com a exposição crónica a vários episódios de violência, e desvendar se o tipo de envolvimento em bullying tem um impacto na saúde. Para além disso, serão explorados os fatores de resiliência que contribuem para que os indivíduos que experienciam violência adquiram uma trajetória saudável.
Os resultados deste Projeto permitirão um conhecimento mais aprofundado acerca das diferenças sociais na saúde, resiliência e bem-estar dos adolescentes e jovens adultos.