No âmbito do cluster Saúde, do Horizonte Europa, um Programa-Quadro de Investigação e Inovação da União Europeia, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) viu, recentemente, mais um projeto aprovado na área da saúde mental – o EARLY – resultando esta aprovação na atribuição de uma verba total superior a 3 milhões de euros para o desenvolvimento do projeto e de cerca de 350 mil euros para o desenvolvimento no ISPUP.
Identificada como prioridade urgente da União Europeia (UE), a saúde mental está na ordem do dia, tendo sido divulgado, no passado dia 7 de junho, pela Comissão Europeia, um importante comunicado que reitera isso mesmo. No documento, a Comissão anuncia a atribuição de uma verba de 1,23 milhões de euros para financiar o desenvolvimento da saúde mental na UE em três princípios orientadores: prevenção, acesso a cuidados e reintegração.
Neste contexto, o ISPUP, que integra já, desde janeiro deste ano, dois projetos internacionais de relevo na área da saúde mental – o MENTBEST, coordenado pela Aliança Europeia Contra a Depressão (EAAD, Alemanha) e encabeçado, em Portugal, por Ricardo Gusmão e o ADVANCE, coordenado pela Universidade de Copenhaga (Dinamarca) que, em Portugal, está sob a responsabilidade da investigadora Cláudia de Freitas – vê agora aprovado e financiado mais um projeto nesta área, o EARLY, que visa a promoção bem-estar mental entre os jovens.
O EARLY foi submetido no âmbito da call “Tackling diseases and reducing disease burden”, no cluster dedicado à Saúde, do Programa Horizonte Europa. O desenvolvimento deste projeto, coordenado em Portugal por Henrique Barros, tem a duração prevista de quatro anos e deverá ser concluído até 2027.
O projeto EARLY surge com os objetivos de (1) reduzir o “peso” das doenças não transmissíveis em jovens entre 15 aos 24 anos, como são as doenças mentais comuns (DMC) – nomeadamente, perturbações depressivas e de ansiedade, perturbações de stress e perturbações por uso de substâncias – e (2) identificar e reduzir a globalidade dos fatores de risco para estas perturbações.
A equipa de investigadores e especialistas responsável pelo EARLY procurará alcançar estes objetivos através da exploração de uma matriz abrangente de exposição a fatores de risco – que poderá inclusive, no futuro, ser adaptada caso seja necessário incluir novos fatores de risco emergentes – e do desenvolvimento de uma intervenção multinível que associa o autocuidado dos jovens, dos cuidadores informais que estão mais próximos destes jovens e ações na comunidade.
Em suma, do trabalho da equipa de investigadores e especialistas responsáveis pelo EARLY resultará a) um modelo de saúde mental juvenil, b) uma matriz de exposições, c) insights sobre as opiniões dos utilizadores finais sobre a saúde mental dos jovens, d) conhecimento sobre serviços úteis na região europeia e identificação de necessidades, e) dados representativos sobre a saúde mental dos jovens que possam ser facilmente acedidos por investigadores e decisores políticos, f) dados sobre eficácia e sustentabilidade das intervenções para reduzir as exposições e as DMC na juventude e, finalmente, g) redução do risco de doenças não transmissíveis nos jovens dos 15 os 24 anos.
No ISPUP, o projeto será desenvolvido no âmbito do Laboratório Literacia em saúde mental, bem-estar, depressão e prevenção do suicídio, do Laboratório associado para a Investigação Integrativa e Translacional em Saúde Populacional (ITR).