Crianças que vivem em contextos de adversidade têm maior risco de depressão na adolescência

Um estudo recente – The Interaction Effect of Adverse Childhood Experiences and Socioeconomic Circumstances in Adolescent Depressive Symptomatology – levado a cabo por uma equipa de investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), procurou analisar a relação entre as experiências de adversidade social vivenciadas na infância e o desenvolvimento de sintomas depressivos na adolescência.  

A investigação, que analisou dados de 4280 participantes da coorte Geração XXI, recolhidos desde o nascimento até aos 13 anos (2005-2020), concluiu que as crianças que viviam em contextos de adversidade apresentaram maior probabilidade de reportar sintomas depressivos relevantes na adolescência.

Verificou-se que a probabilidade de um adolescente reportar sintomas depressivos aumenta em 52% quando experiencia violência (física e/ou psicológica), em 67% quando reporta problemas na escola e em 73% quando vive num agregado familiar disfuncional ou em contextos socioeconómicos desfavorecidos.

A investigação revelou ainda que diferentes combinações de experiências de adversidade apresentam diferentes resultados. “Embora cada uma destas experiências se associem individualmente e de modo significativo com a presença de sintomas depressivos relevantes, quando combinadas não demonstram um efeito aditivo ou multiplicativo, o que sublinha a complexidade dos mecanismos que poderão explicar a relação destes fatores com a saúde” explica Armine Abrahamyan, investigadora do ISPUP no Laboratório Adversidade social e desigualdades em saúde e primeira autora do estudo.

Estes resultados destacam a importância de desenvolver políticas públicas voltadas para a equidade social desde a infância, adotando estratégias que possam prevenir e até promover mudanças transformadoras na vida de crianças expostas a adversidades psicossociais e materiais.

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