ISPUP
A diminuição das taxas de mortalidade por acidente vascular cerebral (AVC) observada nas últimas décadas em todo mundo, traduziu-se no aumento do número de sobreviventes. O burden associado ao AVC estende-se também às famílias e aos sistemas de saúde e sociais, com a maioria dos sobreviventes a necessitarem da assistência de um cuidador, que tem de se ajustar às consequências imediatas e a longo-prazo que requerem os vários níveis da prestação de cuidados. Em Portugal, o AVC constitui a principal causa de morte, mas são escassos dados sobre morbilidade associada à doença, bem como sobre a saúde psicossocial, necessidades e bem-estar dos cuidadores. Cuidar de um sobrevivente de AVC tem impacto na saúde psicológica e na qualidade de vida dos cuidadores, acarretando custos substanciais para os serviços de saúde e sociais. No entanto, a literatura tem-se focado no estudo da saúde e bem-estar dos sobreviventes, e não nas experiências, necessidades e visões dos cuidadores. Este projeto de investigação pretende estudar o impacto de cuidar de um sobrevivente de AVC na saúde psicossocial, experiências, necessidades e qualidade de vida de cuidadores informais, tendo em conta o género, as características sociais, a trajetória de cuidado, e as perceções acerca do acesso e disponibilidade dos serviços de saúde e sociais.
Com base nas competências interdisciplinares dos membros da equipa, este projeto pretende produzir evidência que sustente o desenvolvimento de serviços integrados e centrados nas pessoas. A equipa do CARESS utilizará uma abordagem de metodologias mistas baseada em questionários e entrevistas semi-estruturadas com cuidadores informais de sobreviventes de AVC, e implementará três think tanks envolvendo sobreviventes de AVC, cuidadores, investigadores e profissionais de saúde e sociais. O projeto responderá a necessidades regionais e às prioridades estratégicas nacionais, assim como aos desafios societais europeus que fomentam a implementação de abordagens que coloquem as necessidades das pessoas e das comunidades no centro dos sistemas de saúde e sociais.
Apesar de jovem, a investigadora principal é altamente competente para coordenar este projeto de investigação, dado o seu conhecimento aprofundado sobre o impacto de cuidar na saúde psicossocial de cuidadores informais e as suas competências de análise estatística. A restante equipa é constituída por psicólogos especialistas em análise qualitativa, desigualdades de género e envolvimento de utilizadores nos cuidados de saúde. As competências complementares da equipa garantem o sucesso do desenvolvimento e implementação deste projeto. A sensibilidade teórica e experiência de trabalho interdisciplinar permitirão o desenvolvimento de recomendações baseadas em evidência com o objetivo de melhorar o diálogo entre todos os intervenientes, contribuindo para a implementação de um modelo de coprodução da saúde.
Financiamento aprovado pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização na sua componente FEDER, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, I.P.