Desenvolvimento da obesidade e da síndrome metabólica na infância

Ana Cristina Santos

Investigador responsável

Colaborador

Referência:

PTDC/SAU-ESA/105033/2008

Instituições participantes:

Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto,Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular

Fontes de financiamento:

Administração Regional de Saúde do Norte

Data de início:

01/04/2010

Data (prevista) de conclusão:

30/09/2013

Orçamento total:

180000

Resumo:

O excesso de peso e a obesidade (incluindo a obesidade central), têm vindo a aumentar nas crianças, atingindo proporções epidémicas. Esta epidemia poderá inclusive ser fundamental na inversão do actual declínio das taxas de doença cardiovascular observada nos adultos.

O excesso de peso/obesidade infantil estão associados a níveis mais elevados de pressão arterial, de lípidos sanguíneos, de glicose e insulina e de marcadores de doença hepática não alcoólica.

A frequência de diabetes tipo 2, doença anteriormente considerada como própria dos adultos, têm vindo a aumentar em crianças obesas. As crianças obesas têm um risco mais elevado de se tornarem adultos obesos, e índices de massa corporal mais elevados na infância aumentam o risco de doença cardiovascular nos adultos. Estas associações realçam a necessidade de estratégias de prevenção da obesidade na infância, mas são ainda desconhecidas intervenções efectivas nesta área.

A síndrome metabólica é uma agregação de factores de risco cardiovascular, habitualmente descrita nos adultos. Esta síndrome está associada ao aumento de risco de doença cardiovascular e de diabetes tipo 2, atingindo hoje uma elevada proporção na nossa população. A prevalência dos componentes constituintes desta síndrome tem também vindo a aumentar em crianças e adolescentes obesos.

A associação entre os padrões de crescimento durante os primeiros meses de vida e o desenvolvimento de consequências de saúde ao longo da vida tendo vindo a ser estudada nas últimas décadas.

Exposições no início da vida parecem ser factores importantes para uma variedade de resultados em saúde como por exemplo os parâmetros antropométricos ou o risco de doenças a diabetes tipo 2 ou a doença cardiovascular.

Este projecto tem como objectivo principal, conhecer os determinantes dos padrões de crescimento pós-natal e avaliar a associação entre características intra-uterinas, o rápido crescimento pós-natal e outras características da criança e o risco de desenvolver excesso de peso/obesidade e perfis metabólicos adversos, nomeadamente os componentes da síndrome metabólica em crianças.

A Geração XXI é uma coorte de 8654 bebés nascidos na cidade do Porto, entre Maio de 2005 e Agosto de 2006. Todas as mães residentes na área metropolitana da cidade que deram à luz um bebé vivo, em um dos cinco hospitais públicos que serviam a área de residência, foram convidadas a participar.

O projecto tem por objectivos:

a) determinar que factores intra-uterinos (hipertensão e diabetes gestacional, aumento de peso na gravidez, consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas e posição socioeconómica) e exposições pós-natais (alimentação da criança e exposição passiva a tabaco) estão associadas com a quantidade e o padrão de aumento de peso nos 2 primeiros anos de idade;

b) estudar a associação entre os níveis de adipocinas medidos no sangue do cordão umbilical e a quantidade e o padrão de crescimento pós-natal;

c) avaliar a associação das exposições intra-uterinas e pós-natais (as listadas no objectivo a)) e a ocorrência de excesso de peso/obesidade, assim como de níveis de lípidos, insulina e de pressão arterial aos 4 anos de idade;

d) avaliar a associação entre a quantidade e o padrão de crescimento pós-natal e a ocorrência de excesso de peso/obesidade, assim como níveis de lípidos, insulina e de pressão arterial aos 4 anos de idade e determinar em que medida as associações estudadas no objectivo c) são mediadas via crescimento pós-natal.

Os dados foram recolhidos nas 24 a 72 horas pós parto através de um questionário estruturado, por entrevistadores treinados.

As mães forneceram informações sobre características sócio demográficas e comportamentais, história clínica, complicações e utilização de medicação durante a gravidez. Dos registos clínicos dos recém-nascidos foram recolhidas informações sobre o parto, complicações pós-parto, regime alimentar no internamento e antropometria. Foi recolhida uma amostra de sangue da mãe e uma amostra de sangue do cordão umbilical. O crescimento da criança e as exposições a que está exposta durante os primeiros anos de vida têm sido avaliados por questionário e por dados de saúde de rotina.

As informações já recolhidas permitirão responder aos objectivos a) e b).

Os participantes da coorte serão convidados para uma reavaliação. Tanto a mãe como a criança (com 4 anos de idade) serão avaliadas.

Será utilizado um questionário estruturado e serão medidos parâmetros antropométricos (criança: peso, estatura, e perímetros da cintura, anca, braço, coxa e torácico; mãe: peso, perímetro da cintura, anca e braço) e a pressão arterial. Será também recolhida uma amostra de sangue da mãe e da criança. Os dados desta reavaliação assim como os recolhidos na avaliação inicial serão usados para responder aos objectivos c) e d).

O estudo foi aprovado pelas comissões de ética institucionais relevantes e todos os procedimentos éticos relacionados com o consentimento informado foram seguidos.