Feinberg School of Medicine Northwestern University, Estados Unidos da América; University of Witwatersrand, África do Sul; Public Health Foundation of India, Índia
Todas as crianças têm o direito a ter o melhor começo de vida. No entanto, as desigualdades sociais impedem que algumas crianças atinjam todo o seu potencial, contribuindo para uma pior saúde, morte prematura e a perpetuação do ciclo de desvantagem e desigualdade.
As desigualdades em saúde são encontradas mesmo em países de alta renda, com indivíduos que nascem e crescem em condições socioeconómicas menos favorecidas, a apresentarem piores indicadores de saúde. Estas diferenças podem persistir ao longo da vida e ser transmitidas às gerações seguintes, perpetuando as desigualdades socioeconómicas e a iniquidades em saúde. Assim, as desigualdades estruturais e socioeconómicas negam às crianças menos privilegiadas o direito à igualdade de oportunidades. Nesse sentido, coloca-se como de primordial importância o estudo de como as desigualdades das estruturas sociais moldam a saúde cardiovascular das crianças.
Como sociedade, devemos almejar uma trajetória ideal de saúde cardiovascular, que deve ser promovida e preservada desde o início da vida para atingir a aspiração global de Saúde para Todos. A saúde cardiovascular ideal é perdida progressivamente desde a primeira infância, portanto, são necessárias práticas efetivas para medir, monitorizar e, quando necessário, modificar a saúde cardiovascular para promover e preservar trajetórias favoráveis ao longo da vida. Com base na Teoria Ecossocial definida por Nancy Krieger, esta proposta visa integrar e analisar a incorporação dos impactos na saúde considerando o fenómeno multinível dinâmico dependente do contexto. Assim, este projeto usará uma abordagem multi-coorte (com dados provenientes da Europa, África e Ásia) e ao longo da vida, para explorar os determinantes da saúde cardiovascular durante a infância e adolescência.
Utilizar-se-ão dados de coortes de nascimento de Portugal, África do Sul e Índia com informação sobre o nível socioeconómico, demografia e comportamentos. Serão também usados dados do Banco Mundial para recolha de indicadores nacionais de cada país incluído.
Dando continuidade a trabalhos desenvolvidos anteriormente pelos membros da equipa de investigação e usando um estudo multi-coorte para identificar as desigualdades sociais e em saúde, pretendemos explorar o que pode desatar o nó e o desequilíbrio da equidade social em saúde, identificando diferenças sociais na saúde cardiovascular entre indivíduos e entre países e o papel das desigualdades estruturais na saúde cardiovascular. A proposta está alinhada com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 2020/2030, pretendendo transformar a sociedade no sentido de a tornar mais justa, sustentável e igual.
Em última análise, é uma questão de responsabilidade coletiva e justiça social priorizar a redução das desigualdades e quebrar os ciclos de desvantagem entre gerações, com os maiores benefícios direcionados aos mais necessitados. Desta forma, pretendemos produzir conhecimento para informar políticas que possam reduzir as desigualdades na sociedade, entre países e entre gerações, promovendo a saúde para todos.