A descoberta da sensibilização central, um processo plástico de sensibilidade aumentada à dor que produz um fenótipo de dor ampliada, mudou radicalmente a compreensão da dor crónica. Atualmente persistem grandes desafios, tais como os da quantificação e da predição da dor ampliada em populações humanas. O papel da exposição à adversidade como determinante da resposta à dor também não é claro. Usando dados prospetivos de uma coorte de nascimentos, propomos:
Serão usados dados colhidos no âmbito da coorte Geração XXI, que inclui crianças seguidas desde o nascimento e reavaliadas aos 4, 7 e 10 anos. O presente projeto propõe a introdução de um módulo novo sobre a dor experimental aos 13 anos, medida numa subamostra de 3000 crianças usando testes sensoriais quantitativos, uma bateria de testes térmicos e mecânicos que caracterizam a hipersensibilidade à dor. Também será avaliada a história de sintomas dolorosos usando o Luebeck Pain-Screening Questionnaire, que avalia características como a topografia, a frequência, a duração, a intensidade e as causas das queixas.
A exposição à adversidade psicossocial será avaliada através de dados recolhidos desde o nascimento até aos 13 anos relativamente à privação de recursos (posição socioeconómica familiar), à história de perturbações orgânicas (doença crónica ou lesão aguda) e ao stress relacional (eventos adversos e exposição a violência familiar ou entre pares). A resposta biológica à adversidade será testada usando perfis de marcadores inflamatórios do nascimento aos 13 anos em 350 participantes (proteína C-reactiva de elevada sensibilidade, IL-1ra, IL-6, IL-8, IL-12p70 and IL-17). A análise estatística incluirá modelos lineares generalizados, análise de perfis/transições latentes, e análise de performance preditiva.
O projeto é crucial para caracterizar a resposta à dor em crianças e para estratificar o risco de dor ampliada. Permitirá ainda testar a hipótese inovadora do papel da adversidade psicossocial e da inflamação como determinantes da dor ampliada desde a infância.
Financiamento aprovado pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização na sua componente FEDER, pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, I.P.