O impacto da pandemia COVID-19 no diagnóstico, tratamento e sobrevivência de doentes com cancro.

Samantha Morais

Investigador responsável

Investigador Doutorado Integrado

Tipo de projeto:

Nacional

Referência:

EXPL/SAU-EPI/1606/2021

Instituição proponente:

Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto

Instituições participantes:

Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE (IPO Porto);

Fontes de financiamento:

FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia

Data de início:

01/08/2021

Data (prevista) de conclusão:

16/01/2024

Linha de investigação:

L4 - Resultados da investigação centrada nos pacientes e na população

Laboratório de investigação:

Epidemiologia do cancro

Resumo:

A doença por coronavírus 2019 (COVID-19) causou mais de 113 milhões de casos confirmados e 2,52 milhões de mortes em todo o mundo. Em 3/2020, Portugal teve uma resposta rápida à pandemia implementando um confinamento total. No outono, o país teve um surto de novos casos, e, em 1/2021, Portugal registou a maior taxa de casos e mortalidade.

Os sistemas de saúde ajustaram significativamente os serviços para garantir o atendimento essencial, reduzir o risco de COVID-19 em doentes e profissionais de saúde, e garantir recursos suficientes para o atendimento hospitalar de casos graves de COVID-19. Em particular, os centros de oncologia tiveram que considerar como equilibrar o atraso no diagnóstico ou tratamento com o risco de COVID-19. Doentes com cancro estão em dupla desvantagem devido à pandemia: 1) houve uma diminuição no número de diagnósticos de cancro devido à redução do número de consultas de rotina e à suspensão dos programas de rastreio; 2) indivíduos com cancro em tratamento ativo podem ter um risco maior de infeção e são mais vulneráveis a complicações.

Assim, este projeto visa estudar o impacto da pandemia no diagnóstico, cuidados e sobrevivência de doentes oncológicos do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPOP) ao longo da pandemia, comparando 3 períodos, cobrindo as 3 vagas após o início do surto em Portugal, com os mesmos 3 períodos anteriores. Os objetivos específicos são:

  • Descrever e comparar os tempos medianos do início dos sintomas, 1º exame médico e 1ª consulta ao diagnóstico, e do diagnóstico à 1ª consulta, à reunião de grupo multidisciplinar e ao 1º tratamento entre doentes com diagnóstico de cancro antes e após COVID-19 com seguimento até 09/02/2020 e 2021, respetivamente;
  • Quantificar o impacto da COVID-19 na sobrevivência de doentes com diagnóstico de cancro antes e após COVID-19 com estado vital até 31/3/2022 e 2023, respetivamente.

Adicionalmente, pretendemos ainda comparar as características sociodemográficas, apresentação clínica, tratamento e sobrevivência entre os doentes com diagnóstico de cancro no IPOP e com infeção por síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2), e aqueles sem infeção.

Casos de cancro do esófago, estômago, cólon e reto, pâncreas, pulmão, melanoma cutâneo, mama, colo do útero, próstata, linfoma não Hodgkin e leucemia, diagnosticados em 2/3/2019–1/3/2020 (antes da pandemia), e 2/3/2020–1/3/2021 (após) no IPOP serão identificados. Informações sobre as características sociodemográficas, clínicas e de tratamento serão recolhidas com seguimento até 9/2/2020 ou 2021. Estado vital e data do óbito serão obtidos até 31/3/2022 e 2023, e a causa do óbito será recolhida, se disponível. Também serão obtidas informações sobre o diagnóstico COVID-19 entre 2/3/2020–2/9/2021. Doentes com COVID-19 serão emparelhados (1: 1; por cancro e ano de diagnóstico) com doentes sem COVID-19.

Esperamos que os resultados deste estudo elucidem de que forma é que a diminuição inicial de casos de cancro, as respostas do governo, serviços de saúde e doentes, e o aumento de casos COVID-19 ao longo do tempo terão impacto no diagnóstico, cuidados e sobrevivência de doentes oncológicos na região Norte de Portugal ao longo de um período de 1 ano com um seguimento de estado vital de 2 anos.

Equipa de invetsigação