Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, EPE (IPO Porto);
A doença por coronavírus 2019 (COVID-19) causou mais de 113 milhões de casos confirmados e 2,52 milhões de mortes em todo o mundo. Em 3/2020, Portugal teve uma resposta rápida à pandemia implementando um confinamento total. No outono, o país teve um surto de novos casos, e, em 1/2021, Portugal registou a maior taxa de casos e mortalidade.
Os sistemas de saúde ajustaram significativamente os serviços para garantir o atendimento essencial, reduzir o risco de COVID-19 em doentes e profissionais de saúde, e garantir recursos suficientes para o atendimento hospitalar de casos graves de COVID-19. Em particular, os centros de oncologia tiveram que considerar como equilibrar o atraso no diagnóstico ou tratamento com o risco de COVID-19. Doentes com cancro estão em dupla desvantagem devido à pandemia: 1) houve uma diminuição no número de diagnósticos de cancro devido à redução do número de consultas de rotina e à suspensão dos programas de rastreio; 2) indivíduos com cancro em tratamento ativo podem ter um risco maior de infeção e são mais vulneráveis a complicações.
Assim, este projeto visa estudar o impacto da pandemia no diagnóstico, cuidados e sobrevivência de doentes oncológicos do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPOP) ao longo da pandemia, comparando 3 períodos, cobrindo as 3 vagas após o início do surto em Portugal, com os mesmos 3 períodos anteriores. Os objetivos específicos são:
Adicionalmente, pretendemos ainda comparar as características sociodemográficas, apresentação clínica, tratamento e sobrevivência entre os doentes com diagnóstico de cancro no IPOP e com infeção por síndrome respiratória aguda grave por coronavírus 2 (SARS-CoV-2), e aqueles sem infeção.
Casos de cancro do esófago, estômago, cólon e reto, pâncreas, pulmão, melanoma cutâneo, mama, colo do útero, próstata, linfoma não Hodgkin e leucemia, diagnosticados em 2/3/2019–1/3/2020 (antes da pandemia), e 2/3/2020–1/3/2021 (após) no IPOP serão identificados. Informações sobre as características sociodemográficas, clínicas e de tratamento serão recolhidas com seguimento até 9/2/2020 ou 2021. Estado vital e data do óbito serão obtidos até 31/3/2022 e 2023, e a causa do óbito será recolhida, se disponível. Também serão obtidas informações sobre o diagnóstico COVID-19 entre 2/3/2020–2/9/2021. Doentes com COVID-19 serão emparelhados (1: 1; por cancro e ano de diagnóstico) com doentes sem COVID-19.
Esperamos que os resultados deste estudo elucidem de que forma é que a diminuição inicial de casos de cancro, as respostas do governo, serviços de saúde e doentes, e o aumento de casos COVID-19 ao longo do tempo terão impacto no diagnóstico, cuidados e sobrevivência de doentes oncológicos na região Norte de Portugal ao longo de um período de 1 ano com um seguimento de estado vital de 2 anos.