Hábitos alimentares em crianças em idade pré-escolar: uma abordagem longitudinal para identificar os determinantes e os efeitos na composição corporal

Carla Lopes

Investigador responsável

Investigador Doutorado Integrado

Tipo de projeto:

Nacional

Referência:

PTDC/SAU-ESA/108577/2008

Instituições participantes:

Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP)
Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular (UIDC/FM/UP)
Centro de Estatística e Aplicações (CEA/FC/UL)

Data de início:

01/04/2010

Data (prevista) de conclusão:

30/06/2013

Orçamento total:

160.000€

Linha de investigação:

L1- Investigação do curso de vida e envelhecimento saudável

Laboratório de investigação:

Nutrição e Saúde Cardiometabólica

Resumo:

A aquisição de hábitos alimentares durante o primeiro ano de vida é dependente de múltiplos determinantes integrados num modelo complexo e difícil de compreender.

Nos primeiros três anos de vida, em populações sem restrições alimentares impostas, a regulação da energia ingerida é efetiva, contudo fatores sociais e ambientais determinam a aquisição de hábitos e comportamentos alimentares que podem persistir ao longo da vida. Entre esses fatores estão as atitudes e preferências dos pais e cuidadores, os quais podem influenciar aspetos como a disponibilidade dos alimentos e o contexto como são disponibilizados e por sua vez podem influenciar as preferências da própria criança.
Perante o desafio que a crescente incidência e prevalência da obesidade traduz enquanto consequências para a saúde, é fundamental conhecer não só o que as crianças devem comer para evitar a obesidade, mas também como podemos fazê-las optar por uma alimentação mais saudável.

A investigação prévia sobre os determinantes dos hábitos alimentares na primeira infância produziu resultados contraditórios. Uma das possíveis explicações para estes resultados pode ser por decorrerem essencialmente de estudos transversais. Pelo que é fundamental informação que resulte de coortes de base populacional com avaliação prospetiva dos hábitos alimentares durante o primeiro ano de vida. Um outro aspeto metodológico que pode explicar a não consistência de resultados sobre a influência dos progenitores, nomeadamente o grau de controlo exercido, é a falta de instrumentos de medição aceites como padrão. Assim a escolha de um instrumento para ser utilizado em Portugal requer uma análise cuidada das várias hipóteses existentes atualmente em outros países.

Deste modo, o primeiro objetivo deste projeto é a adaptação de dois instrumentos, the child feeding questionnaire (2) e outro desenvolvido para avaliar o grau de controlo dos pais (3).
Após a adaptação dos instrumentos iremos avaliar os determinantes de aquisição de hábitos alimentares e como estes afetam a composição corporal aos 4 anos.

Este projeto será realizado no âmbito da Geração XXI, uma coorte de nascimento de base populacional. A coorte é composta por 8647 crianças e progenitores (proporção de participação na primeira avaliação – 70%). Esta investigação será realizada na sub-amostra de crianças com informação para os hábitos alimentares avaliada aos 6 meses (n=1620 crianças), aos 15 meses (n=1014) e aos 2 anos (n=758). Para 489 crianças avaliadas aos 2 anos foi recolhido um diário alimentar de 2 dias (1 dia útil e 1 dia de fim de semana). Para responder aos objetivos do atual projeto de investigação será realizada uma nova avaliação para recolha de informação alimentar e antropométrica aos 4 anos.

A análise dos hábitos alimentares nos primeiros anos de vida (6, 15 meses, 2 e 4 anos) utilizando modelos estatísticos complexos, vai contribuir com conhecimento essencial para a compreensão de questões científicas que permanecem por esclarecer. Os resultados obtidos vão contribuir para o planeamento de políticas de saúde pública, nomeadamente intervenções que visem prevenir a obesidade. Propomo-nos também desenvolver material educativo com base na informação recolhida que será um contributo importante para a divulgação de conhecimento com impacto na saúde das populações.

Equipa de investigação