Placenta, sangue venoso, soro, sangue de cordão umbilical, dentes de leite, cabelo e leite materno são algumas das amostras humanas que integram o biobanco do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), uma estrutura construída com o propósito de facilitar a investigação dos determinantes da saúde humana.
Vive há 18 anos e reúne cerca de 200 mil amostras biológicas “únicas, a nível nacional, e relativamente raras, a nível mundial”, segundo Henrique Barros, responsável pelo biobanco do Instituto, que compara esta estrutura a uma espécie de “cápsula do tempo de material biológico e de informação sobre as circunstâncias da vida, em que se guarda algo valioso com o objetivo de se utilizar no futuro”.
Criado com o propósito de ser útil para a investigação na área dos determinantes da saúde humana, e tendo como foco condições relativamente frequentes na população geral, como diabetes, doenças cardiovasculares, doenças reumáticas e cancro ou obesidade e perturbações do comportamento, o biobanco do ISPUP possui uma quantidade imensa de informação proveniente dos participantes de quatro coortes populacionais (estudos longitudinais que avaliam a evolução da saúde da população ao longo do tempo) portuguesas, que abarcam diferentes gerações: o EPIPorto (população adulta do Porto), o EPITeen (jovens adultos do Porto), a Geração XXI (crianças da cidade do Porto) e o Bitwin (gémeos), mas também amostras transversais representativas da população continental portuguesa.
As amostras biológicas preservadas no biobanco estão ligadas a informação sobre uma diversidade imensa de variáveis tais como o nível socioeconómico, habitação, alimentação, cognição, entre outros. “Esta caracterização exaustiva dos nossos participantes é a valia essencial do nosso biobanco para saber como se preserva a saúde ou as causas do adoecer”.
O biobanco do ISPUP, o único do seu tipo em Portugal, possibilita seguir a pessoa antes que a doença ocorra. “Se juntarmos as novas tecnologias ómicas e as amostras que temos guardadas de participantes que agora têm uma condição de saúde, mas que num ponto do passado não tinham, podemos procurar marcadores biológicos conhecidos dessa condição e perceber em que altura da vida da pessoa surgiram alterações dessa variável. Igualmente, podem ser usados em colaboração com biobancos de doentes, servindo de controlos populacionais. A nível de saúde pública, há um enorme potencial”.
O desenvolvimento óbvio passa por garantir instalações próprias, pensadas de raiz para albergar o biobanco, com valências adicionais, expandir os tipos de amostras preservadas e o tipo de serviços oferecidos pelo Biobanco, assumindo plenamente a sua função de grande infra-estrutura de investigação em saúde.
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