O peso materno antes do início da gravidez acarreta um maior risco para a saúde da mãe e da criança do que o peso que a mulher ganha durante a gestação. A conclusão é de um estudo, conduzido por um consórcio internacional de investigadores, que contou com a participação do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
O trabalho, publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), analisou mais de 190 mil mulheres de 16 países, incluindo Portugal.
Verificou-se que complicações como a diabetes e a hipertensão gestacional, nascimentos prematuros, cesarianas, pré-eclampsia (tensão arterial alta e inchaço das pernas) ou baixo peso à nascença, ocorreram em mais de 60% das mulheres que iniciaram a gestação com obesidade severa. Estes mesmos problemas afetam 34% das mulheres que tinham um peso normal antes de engravidarem.
Os resultados mostram que, apesar de o ganho de peso durante a gravidez ter impacto, o seu contributo para o risco de complicações é menor, quando comparado com o peso materno antes do início da gestação.
Segundo Ana Cristina Santos, uma das investigadoras do ISPUP envolvidas no estudo, “a prevenção tem de ser feita no período pré-concecional. Este investimento na prevenção é importante, dado que temos assistido a um aumento da prevalência da obesidade em toda a população, mesmo nas mulheres em idade fértil”.
O objetivo inicial do trabalho era redefinir os intervalos de ganho de peso ideal durante a gravidez. O estudo permitiu “criar novos padrões do que seria o ótimo ganho de peso durante a gravidez, tendo em conta o Índice de Massa Corporal (IMC) antes da gestação”, acrescenta a investigadora.
O trabalho usou dados de mulheres que estiveram grávidas entre 1989 e 2015. De Portugal, forma usados dados de 7220 mulheres que fazem parte da coorte Geração XXI – um estudo longitudinal que segue, desde 2005, 8600 participantes que nasceram nas maternidades públicas da Área Metropolitana do Porto.
A investigação, liderada pela Erasmus University Medical Center, em Roterdão, envolveu mais de 60 investigadores internacionais que trabalham em conjunto no LifeCycle Project – Maternal Obesity and Childhood Outcomes Group, financiado pelo Horizonte 2020 da União Europeia.
O artigo intitula-se Association of Gestational Weight Gain with Adverse Maternal and Infant Outcomes.
Imagem: Pixabay/Fotorech