É importante que os médicos considerem o historial de doença oncológica das doentes com cancro da mama, para poderem optar por um tratamento que seja mais adequado à sua condição de saúde, sublinha um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP).
A investigação refere que os clínicos devem ter especial atenção às mulheres que já tiveram cancros prévios, pois o tipo de tratamento a administrar a estas doentes poderá ser diferente daquele que se pode aplicar àquelas que nunca tiveram um cancro.
O trabalho, publicado na revista “Anticancer Research”, avaliou 681 mulheres diagnosticadas com cancro da mama, no ano de 2012. Entre estas mulheres, 628 foram diagnosticadas com um primeiro cancro em 2012, 21 tinham um diagnóstico anterior de cancro da mama, e 32 tinham tido previamente um tumor noutro órgão.
Segundo Samantha Morais, primeira autora da investigação, coordenada por Nuno Lunet e Susana Pereira, “quisemos perceber se havia diferenças entre os tipos de tratamento (cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia, etc.) que eram aplicados a estes três grupos de mulheres. Também procurámos entender se havia diferenças na utilização de outros cuidados de saúde”.
Concluiu-se que as mulheres que já tinham sido previamente diagnosticadas com um cancro receberam menos frequentemente quimioterapia com antraciclinas e menos radioterapia no tratamento do segundo cancro. “Dado que existem limites máximos de dosagem e de toxicidade residual destas terapias, os profissionais de saúde provavelmente optaram por outras soluções para o tratamento do segundo cancro”, refere Samantha Morais.
A investigação mostrou igualmente que estas doentes foram mais frequentemente submetidas a mastectomia total (remoção completa da mama) e realizaram testes genéticos com maior frequência do que aquelas que nunca tinham tido cancro.
Para a investigadora do ISPUP, este estudo deixa uma importante mensagem para os clínicos. “Quando se estiver a definir o tratamento a aplicar a uma doente que teve mais do que um cancro, deve considerar-se o historial da mulher e as terapias a que foi submetida previamente. Por exemplo, se já fez algum tipo de quimioterapia, o tratamento que irá receber agora poderá ter de ser outro, dado os limites máximos de dosagem e de toxicidade residual que se pode receber ao longo da vida”.
O estudo realça que “nas sobreviventes de cancro da mama, o tratamento da doença oncológica é influenciado pelos antecedentes de saúde das doentes”, conclui.
O artigo designado Treatment and Other Healthcare Use of Breast Cancer Patients With a Previous Cancer Diagnosis. é também assinado pelos investigadores Ana Rute Costa, Luísa Lopes-Conceição, Mariana Brandão, Marina Borges, Natália Araújo, Teresa Dias e Filipa Fontes. A investigação encontra-se disponível para consulta, AQUI.
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