Chama-se ForestFM e pretende envolver os jovens na promoção de atitudes e comportamentos favoráveis à prevenção de incêndios entre as populações mais afetadas pelos fogos florestais, que ocorreram em Portugal, nos últimos anos. De que forma? Dando-lhes ferramentas para a criação de um programa de rádio participativo que ajude a tornar a comunidade mais preparada para prevenir a ocorrência de fogos florestais e saber como agir em situações de risco.
Incluirá dimensões relacionadas com o conhecimento adquirido pelas populações e com o conhecimento científico e de saúde pública disponível, do qual os jovens serão embaixadores junto da comunidade.
Coordenado por José Azevedo, da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP, o projeto iniciou em fevereiro de 2021 e tem a duração prevista de três anos. No ForestFM vão participar alunos do ensino secundário da região centro do país, para a criação de um programa de rádio sobre prevenção e combate aos fogos florestais.
Porquê a rádio?
“Em Portugal, a rádio é o segundo meio de comunicação mais utilizado, após a televisão, e os hábitos de consumo de rádio não se mostram muito afetados pela aparição de novos meios de comunicação”, explica José Azevedo que é também Professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).
Além disso, “é um media adequado à difusão de informação durante os incêndios, pois mantém-se em atividade mesmo quando a comunicação via televisão ou telemóvel colapsam devido a falhas de energia ou de cobertura de rede”, acrescenta.
A rádio é também um meio de comunicação acessível ao consumidor (facilmente disponível e sem custos significativos), familiar à generalidade das pessoas e facilitador da comunicação intergeracional.
Por essa razão, foi o media escolhido para envolver os jovens na recolha e partilha de conhecimento e experiências relacionadas com os incêndios e na preparação de um programa de comunicação de risco.
As várias etapas do projeto
Com a duração de três anos, o ForestFM vai envolver escolas secundárias da Região Centro, a Rádio jornal do Centro e outros stakeholders, como a proteção civil e os bombeiros.
Numa primeira fase, será feita uma análise às atitudes e aos conhecimentos das comunidades locais sobre incêndios rurais. Os investigadores vão avaliar o que sabem os alunos em matéria de fogos, estudar a forma como a comunidade usa os media para obter informação sobre o tema e fazer uma análise à cobertura noticiosa radiofónica dos incêndios, entre 2016 e 2019.
Na segunda fase do projeto, vão ser organizadas sessões nas escolas, dirigidas aos professores, sobre a importância do uso da rádio, enquanto ferramenta de comunicação para a mudança de atitudes e comportamentos entre a população e para a promoção de laços comunitários.
Paralelamente, os alunos – elementos-chave no projeto – vão participar em workshops para aprenderem a produzir um programa de rádio. Posteriormente, terão de recolher histórias sobre as preocupações e experiências vividas pela população local com os incêndios e também com decisores e especialistas, como autoridades locais e profissionais de saúde e da proteção civil, com o fim de as incluírem no programa que vão produzir.
Após esta fase de treino e de recolha de informação, os alunos de escolas selecionadas criarão o seu programa de rádio, com o apoio dos professores e da Rádio Jornal do Centro. A transmissão do primeiro episódio acontecerá num evento ao vivo e vai existir uma linha telefónica aberta para permitir que os ouvintes estabeleçam contacto com os alunos, durante a emissão.
A equipa do projeto pretende que, durante um ano escolar, sejam gravados 5 episódios, que serão depois disponibilizados ao público através das redes sociais e do website do projeto.
Na reta final, os investigadores vão avaliar os resultados do projeto e divulgá-los junto da comunidade científica e também na esfera pública.
Reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência
José Azevedo espera que o ForestFM contribua para “reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência das populações rurais”, formando comunidades melhor preparadas e com um maior “sentido de responsabilidade social e pessoal na proteção do património natural e na prevenção dos incêndios”.
No projeto intitulado “ForestFM – Envolvimento de jovens na prevenção dos incêndios rurais através de um programa de rádio participativo”, participam também a FLUP, o Instituto Politécnico de Viseu e a Rádio Jornal do Centro.
O ForestFM (PCIF/AGT/0087/2019) é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FTC), ao abrigo do Concurso de Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico no Âmbito da Prevenção e Combate a Incêndios Florestais – 2019.