Micobactérias não tuberculosas da água potável: além da epidemia de doenças pulmonares.

Raquel Duarte

Investigador responsável

Investigador Doutorado Integrado

Referência:

PTDC/BIA-MIC/0122/2021

Instituições participantes:

Instituição proponente: Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNBC/UC); Instituições participantes: Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC); Universidade de Coimbra (UC); Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP/UP).

Fontes de financiamento:

FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia

Data de início:

01/08/2021

Data (prevista) de conclusão:

31/12/2023

Linha de investigação:

L2 - Sindemias, desigualdades em saúde e populações vulneráveis

Laboratório de investigação:

Epidemiologia das doenças respiratórias, da infeção por micobactérias e outras doenças infeciosas

Resumo:

O saneamento da água está entre as maiores conquistas de saúde pública da civilização na promoção de uma redução drástica na incidência de epidemias transmitidas pela água, como cólera ou febre tifóide. No entanto, a partir da 3ª década do século 21, os sistemas municipais de distribuição de água ainda disseminam micobactérias não tuberculosas (MNT), algumas das quais são patógeneos oportunistas graves.

As MNT não são transmissíveis e os procedimentos diagnósticos inadequados impedem uma estimativa da sua real prevalência e controlo epidemiológico. A sua resistência natural aos antibióticos, combinada com a falta de investimento na sua renovação, compromete seriamente nossa capacidade de combater essas infecções. As MNT costumam infectar os pulmões de pessoas com sistema imunológico enfraquecido ou doenças crónicas, como fibrose cística, DPOC e idosos. Embora não descritos até ao momento, os casos de doença de MNT devem aumentar em alguns sobreviventes de COVID-19, que podem estar em risco muito maior devido às sequelas reportadas (Long Covid). Por outro lado, os doentes crónicos também frequentemente possuem distúrbios intestinais. Somando-se esses fatores de suscetibilidade à falta de vigilância das MNT das águas potáveis ​​e à sua capacidade de se multiplicarem nos sistemas hidráulicos, criam-se condições para agravar uma ameaça à saúde pública ainda com contornos difusos.
As MNT fazem parte da nossa dieta na água potável, mas a sua interação com o ecossistema intestinal é desconhecida, embora a ligação entre MNT e doenças intestinais não seja nova (M. avium paratuberculosis-doença de Johne / Chron). Este paradigma inexplorado de “água potável MNT-intestino” é o principal argumento do projeto e, para melhor compreender a ameaça, a prevalência de MNT e perfis de microbioma de águas domésticas de casas de pacientes infectados serão avaliados, assim como o impacto da ingestão crónica de MNT por modelos animais. Este projeto visa ajudar a preencher as lacunas no conhecimento da diversidade de MNT e o impacto de sua ingestão crónica, revelando ligações epidemiológicas entre MNT de água e dados demográficos da população, em última análise, para aconselhar os tomadores de decisão de saúde pública a começar a monitorizar e controlar esses micróbios oportunistas na água potável municipal para uma vida mais saudável e bem-estar.

Equipa de investigação