Investigadores do ISPUP organizam congresso sobre biomonitorização humana que acontece pela primeira vez em Portugal

Neste congresso, organizado por uma equipa de investigadores do ISPUP, foram debatidos os últimos avanços na área da biomonitorização humana e o seu potencial contributo para a saúde pública.

Ana Margarida Faria, Carla Costa, Joana Madureira e João Paulo Teixeira – membros do projeto  EDC(Mind)2 e investigadores no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, I.P. (INSA, I.P.) – organizaram, recentemente, o 12th International Symposium on Biological Monitoring in Occupational and Environmental Health (ISBM-12), evento que decorreu no Porto entre os dias 21 e 23 de junho.

O ISBM-12, que este ano teve como mote “Next Generation Biomonitoring“, contou com a presença de estudantes, investigadores e especialistas de diversas formações sobre tópicos e temas atuais da Saúde Ocupacional e Ambiental, que durante estes dias tiverem oportunidade de partilhar os seus conhecimentos e experiências sobre os últimos avanços e casos de estudos na área da biomonitorização humana, nomeadamente, avaliação de risco, políticas de saúde e ambiente. Foram, no total, apresentadas 5 sessões plenárias, 70 comunicações orais em paralelo e 70 comunicações sob a forma de poster. Os participantes deste evento tiveram assim a oportunidade única de ouvir, discutir e partilhar ideias e experiências, bem como de procurar colaborações, com o objetivo último de impulsionar a inovação e o progresso nesta área em constante evolução.

Ameaça da exposição a desreguladores endócrinos esteve em destaque no ISBM-12

Entre os temas que tiveram destaque, nesta edição do ISBM, figurou a exposição a desreguladores endócrinos enquanto ameaça emergente para a saúde humana. Neste âmbito, Georges Hatem – investigador no ISPUP e no INSA, I.P. – apresentou, no âmbito do seu doutoramento em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o seu trabalho sobre o impacto na saúde respiratória e neurológica de crianças da exposição a desreguladores endócrinos resultantes da renovação interior de edifícios escolares. Este trabalho, sob orientação científica da investigadora Joana Madureira, encontra-se ancorado no projeto EDC(Mind)2, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (PTDC/CTA-AMB/3040/2021).

Mais sobre o projeto EDC(Mind)2

Embora a exposição a substâncias químicas seja relevante em todas as idades, torna-se mais preocupante em crianças, as quais são mais suscetíveis. Devido ao recente impulso tecnológico, que aumenta o nosso conforto e bem-estar, algumas substâncias químicas que interferem com os nossos sistemas hormonais – conhecidas como Desreguladores Endócrinos (DEs) – estão presentes em materiais de construção, móveis, dispositivos eletrónicos, produtos de higiene pessoal, cosméticos e outros produtos de consumo. Assim, a exposição a estes compostos pode ocorrer em casa ou na escola, onde passamos cerca de 80 a 90% do nosso tempo e pode dar-se por ingestão, inalação ou contacto dérmico (ainda que sejam necessários novos estudos sobre estas duas últimas vias de exposição).

Além disso, escasseiam estudos que considerem a exposição a misturas de DEs com possível impacto no desenvolvimento de patologias crónicas.

Assim, a obtenção de mais informação científica sobre os níveis de exposição, principalmente no caso de misturas de compostos químicos, permitirá caracterizar a situação atual e contribuirá para estimar e compreender os potenciais efeitos da poluição do ar interior na saúde e consequentemente possibilitar a formulação de medidas, quer a nível governamental quer individual, dirigidas à melhoria do ambiente interior dos edifícios.

Neste sentido, o EDC(Mind)2 é um projeto de investigação multidisciplinar que visa contribuir para superar as lacunas de conhecimento sobre a exposição de crianças em idade escolar a DEs e o seu potencial impacto no neurodesenvolvimento, função pulmonar, alergias e resposta irritativa. Os principais objetivos do projeto são: i) avaliar a exposição a DEs (compostos individuais e efeito mistura) numa população de crianças em idade escolar; ii) identificar misturas de DEs que se correlacionam com sinais precoces de desenvolvimento cognitivo adversos; iii) integrar o conhecimento gerado no processo de avaliação de risco; e iv) estabelecer um conjunto de boas práticas e recomendações destinadas à promoção de ambientes interiores seguros e saudáveis.

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