Universidade de Aveiro;
A exposição alimentar é considerada parte do exposoma, portanto a segurança alimentar é essencial para a saúde individual e pública. É necessário assegurar que mecanismos de prevenção estejam à disposição da comunidade científica e reguladores, para que possam responder a questões emergentes como, por exemplo, o uso de nanotecnologia na indústria alimentar.
Contexto: A nanotecnologia tem diversas aplicações na indústria alimentar, mas existem reservas relativamente ao uso de nanomateriais (ENM) como aditivos alimentares, fomentadas pela dúvida do impacto destes na saúde. A comunidade científica e a própria indústria alimentar têm respondido com um crescente número de estudos direcionados para a avaliação da toxicidade e riscos para a saúde humana associada à ingestão de ENM. No entanto, ainda existem várias lacunas na literatura: 1) falta de dados concretos acerca da exposição humana a ENM pela via da ingestão; 2) consideração das transformações físico-químicas e morfológicas dos ENM na matriz alimentar e ao longo do trato gastrointestinal, que irão refletir-sena sua biodisponibilidade, toxicidade, e reatividade; 3)falta de metodologias padronizadas e validadas dedicadas à avaliação de risco após exposição por via oral a estes xenobióticos.
Outra grande lacuna é a não avaliação dos efeitos de mistura, uma vez que outros químicos podem ser encontrados nos alimentos, nomeadamente metais de origem natural, antropogénica ou como impurezas dos próprios ENM. Metais, como arsénio, cádmio, chumbo ou mercúrio acumulam-se no organismo e causam efeitos nocivos a curto e longo prazo
Apesar de desafiante, é necessário avaliar o risco da ingestão de misturas de químicos, como realçado pela UE, OMS, EFSA, OCDE e JRC.
Trabalhos anteriores mostraram que a co-exposição a ENM e metais pode resultar na potenciação ou sinergismo ou, pelo contrário, antagonismo, relativamente aos efeitos dos compostos individuais. Assim, os modelos aditivos de dose não estimam os riscos da co-exposição a ENM e metais.