Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular
A elevada prevalência de excesso de peso, particularmente de obesidade, é um problema major de saúde, não só pelas suas consequências directas na saúde dos indivíduos, mas também pelas suas repercussões sociais e económicas.
Apesar da magnitude deste problema ser reconhecida e ser aceite que o índice de massa corporal (IMC) é uma medida útil para avaliar excesso de peso e obesidade em crianças e adolescentes, não existe consenso sobre que critérios utilizar para definir as categorias de IMC.
A dificuldade em definir os critérios resulta da falta de informação sobre quais os níveis de exposições que estão relacionados com a ocorrência de doença a longo prazo.
Com este projecto pretendemos compreender a evolução do IMC na transição da adolescência para a idade adulta e identificar qual a melhor definição de obesidade na adolescência para predizer factores de risco cardiovascular no adulto.
Para responder a este objectivo consideramos o período entre os 13 e os 21 anos de idade e definimos os seguintes objectivos específicos:
1. Avaliar a estabilidade do IMC entre os 13 e os 21 anos de idade;
2. Avaliar o papel de características sociais, demográficas e comportamentais na magnitude das alterações no IMC nesse período;
3. Avaliar a capacidade das definições de obesidade e excesso de peso mais utilizadas em adolescentes para predizer obesidade e excesso de peso aos 21 anos;
4. Analisar a capacidade de diferentes métodos de avaliação da gordura corporal (IMC, perímetro da cintura, pregas cutâneas e gordura total estimada por análise de bio-impedância) para predizer a probabilidade de ter níveis elevados de pressão arterial, lipidios séricos, proteína C-reactiva, resistência à insulina e síndroma metabólico, na idade adulta.
O projeto será desenvolvido no âmbito da coorte EPITeen (Epidemiological Investigation of Teenagers Health in Porto). Esta coorte iniciou-se no ano lectivo de 2003/2004 e incluiu adolescentes nascidos em 1990, isto é, com 13 anos e que estavam inscritos em escolas públicas e privadas da cidade do Porto.
A primeira reavaliação destes adolescentes decorreu 4 anos depois, aos 17 anos. Na primeira avaliação obtivemos uma proporção de participação de 77,5%, correspondendo a 2160 adolescentes, em 2007 participaram na re-avaliação 1716 (79.4%) adolescentes que tinham sido avaliados em 2003/2004.
Nesta segunda avaliação foram avaliados pela primeira vez 783 adolescentes que nasceram em 1990 mas não estavam inscritos em escolas da cidade do Porto aquando da primeira avaliação.
Assim, o número total de adolescentes que integram a coorte é de 2943. Em cada uma das avaliações, primeira avaliação (aos 13 anos), primeira re-avaliação (aos 17 anos) e na próxima avaliação (aos 21 anos), é recolhida informação através de dois questionários auto-administrados e é realizada uma avaliação física entre as 8h e as 10h da manhã.
Os questionários recolhem informação sobre história de doença e cuidados de saúde, hábitos alimentares, actividade física e consumo de álcool, tabaco e drogas ilícitas. Um questionário é respondido pelo participante aquando da avaliação física e o outro é preenchido em casa pelos seus progenitores, nomeadamente para recolha de informação sobre história de doença nos progenitores.
A avaliação física, tal como ocorreu nas avaliações anteriores, será realizada por uma equipa composta por enfermeiros, nutricionistas e médicos, treinados especificamente para o projeto. Será avaliado o peso usando uma balança que estima a gordura corporal total por análise de bio-impedância (Tanita®), a estatura, a espessura das pregas cutâneas, os perímetros da anca e da cintura.
É também obtida uma amostra de sangue após 12 horas de jejum. A evolução do IMC será avaliada pela correlação entre os valores aos 13 anos e os valores aos 21 e pela concordância (Cohen’s kappa) de classificação nas categorias de IMC ao longo do período em estudo.
Serão utilizados modelos marginais e com efeitos aleatórios para a análise longitudinal das alterações do IMC e para avaliar o efeito das características sociais, demográficas e comportamentais na magnitude dessas alterações. Para estimar os pontos de corte das diferentes medidas de gordura corporal, que melhor predizem os factores de risco em estudo, recorreremos à análise da área abaixo da curva ROC (Receiver Operating Characteristic).
A nossa abordagem longitudinal e numa coorte de base populacional permite-nos adicionar conhecimento relevante sobre a evolução da obesidade e alterações metabólicas em adultos jovens antes da ocorrência de doença.
Esta investigação permite ainda estimar qual a redução na ocorrência de doença cardiovascular que seria expectável com uma intervenção para minimizar a prevalência de excesso de peso.
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