Consumo de pescado continua a ser importante para a saúde, mas grávidas, mulheres a amamentar e crianças devem optar por pescado com menos mercúrio. Sardinha e cavala são duas opções de espécies a privilegiar.
Uma equipa de investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), constituída por Catarina Carvalho, Daniela Correia, Milton Severo, Carla Lopes e Duarte Torres, apresenta hoje, 16 de maio, no auditório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, IP (INSA), em Lisboa, as conclusões do estudo “Quantitative risk-benefit assessment of Portuguese fish and other seafood species consumption scenarios” – publicado no British Journal of Nutrition – e as recomendações que, a partir desse estudo, foram elaboradas para o consumo de pescado pela população portuguesa.
Para desenvolver estas recomendações, a Direção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) criou um grupo de trabalho que integrou o ISPUP, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, IP (INSA) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O grupo de trabalho concluiu que o consumo de pescado continua a ser essencial, considerando que temos de fazer as escolhas certas, quer em relação às espécies, quer em relação à frequência do seu consumo. Sardinha e cavala são duas das opções a privilegiar, uma vez que têm menos mercúrio e maior teor de ácidos gordos (ómega-3) que, por sua vez, contribuem para um melhor desenvolvimento cognitivo nas crianças e para a prevenção de doenças cardiovasculares nos adultos. Espécies como abrótea, bacalhau, carapau, choco, corvina, dourada, faneca, lula, pescada, polvo, raia, “redfish” e robalo também são opções que têm, geralmente, valores baixos de mercúrio.
Para a população geral verificou-se não haver preocupações de segurança, pelo que a recomendação passa por consumir pescado com frequência, até 7 vezes por semana. Por outro lado, a exposição ao mercúrio nas grávidas, mulheres a amamentar e crianças (até aos 10 anos) mostra que o consumo deverá ser menos frequente (3 a 4 vezes por semana). De sublinhar que, no momento de escolher a espécie a consumir, a diversidade é um ponto essencial para uma alimentação equilibrada e saudável.
A definição destas recomendações para a população portuguesa, caracterizada por um elevado consumo de pescado, teve por base a frequência desse consumo – obtida através do inquérito nacional (IAN-AF) – e os dados relativos ao teor de mercúrio determinados em centenas de amostras colhidas e analisadas no âmbito do controlo oficial e de diferentes estudos científicos. Por fim, estes dados foram integrados numa avaliação de risco-benefício associado ao consumo de pescado pela população portuguesa.
A sessão, que decorre hoje, no INSA, a parti das 14h30, incluirá várias apresentações para enquadramento do tema, nomeadamente, sobre a importância das recomendações nacionais na avaliação de risco-benefício do consumo de pescado na população portuguesa.