Estudo confirma o impacto da poluição do ar na mortalidade

Um estudo internacional, que contou com a participação de João Paulo Teixeira, investigador do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), veio confirmar o impacto no número de mortes associadas à exposição a partículas presentes no ar. 

A investigação, publicada na The New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiadas revistas cientificas do mundo na área da Medicina, analisou dados de 652 cidades, de 24 países, sendo duas das cidades portuguesas.

Vários estudos têm demonstrado que a poluição do ar tem consequências adversas para a saúde humana. Neste contexto, as partículas – uma mistura complexa de substâncias orgânicas e inorgânicas suspensas no ar, sob a forma sólida ou líquida, com diferentes tamanhos e propriedades químicas e físicas – representam um grande risco em termos de saúde pública, uma vez que são capazes de ultrapassar as defesas das vias respiratórias.

O desencadeamento ou agravamento de problemas de saúde resultantes da exposição a partículas, nomeadamente as de pequenas dimensões, dependem, essencialmente, da sua concentração no ar ambiente e do tempo de exposição humana às mesmas. Estas substâncias podem ter origem natural e/ou serem resultantes da atividade humana, mediante, por exemplo, as emissões provenientes do tráfego automóvel e de instalações industriais.

Nenhum estudo tinha, até ao momento, reunido dados de 652 cidades (24 países), para conseguir, através da aplicação da mesma metodologia, estimar o impacto da exposição, a curto prazo, a partículas PM10 (partículas com um diâmetro aerodinâmico inferior a 10 µm) e PM2.5 (partículas mais pequenas, com um diâmetro aerodinâmico inferior a 2.5 µm) na mortalidade, incluindo o número de óbitos provocados por doenças respiratórias e cardiovasculares.

A equipa de investigadores, que integra a rede internacional Multi-City Multi-Country (MCC) Collaborative Research Network, analisou dados de poluição do ar e de mortalidade de cada uma das cidades incluídas, entre os anos de 1986 e 2015.

Mesmo uma baixa concentração contribui para um maior risco de morte

Concluiu-se que mesmo a exposição a uma baixa concentração de PM10 e PM2.5  –  durante um período de tempo reduzido, contribuiu para um maior risco de morte.

“Este trabalho é extremamente importante pela escala global em que foi conduzido e pelas implicações dos resultados obtidos que exortam as autoridades regionais, nacionais e internacionais a concertar esforços, através da implementação de medidas de redução e controlo na fonte de poluentes com reconhecidos efeitos nocivos”, sublinha João Paulo Teixeira, coautor do trabalho.

Os resultados encontrados reforçam e consolidam a relação que outros estudos já tinham vindo a mostrar entre a poluição atmosférica e a saúde.

A investigação intitula-se “Ambient Particulate Air Pollution and Daily Mortality in 652 Cities”.

Imagem: Pixabay/skorchanov

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