Data da prova: 12 de maio
Horário: 14h00
Local: Aula Magna (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Presidente do Júri: Elisabete Ramos – Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Arguentes: Lea Jakobsen – Danmarks Tekniske Universitet, Dinamarca
Carla Martins – Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa
Vogais: Ana Teresa Silva, Duarte Torres, Olga Viegas e Ana Catarina Carvalho
No próximo dia 12 de maio de 2025, às 14h00, a estudante do Programa Doutoral em Saúde Pública, Sofia Almeida Costa, defenderá a sua tese de doutoramento, intitulada “Dietary exposure to food contaminants and their effects on metabolic outcomes from childhood to adolescence”, orientada por Duarte Torres e coorientada por Carla Lopes.
Resumo:
A alimentação desempenha um papel fundamental na saúde humana, fornecendo energia e nutrientes importantes para um adequado crescimento, desenvolvimento e manutenção da homeostasia do organismo. No entanto, cada vez mais se tem vindo a questionar a ideia simplista de que o aumento da obesidade e de outras comorbilidades é apenas causado pelo desequilíbrio energético. Estudos anteriores avaliaram o efeito da exposição a fatores de risco não convencionais na saúde, como os contaminantes alimentares. A acrilamida e o bisfenol A (BPA) são contaminantes alimentares formados durante o processamento térmico ou que migram dos materiais de embalagem, respetivamente, e que podem afetar negativamente a saúde humana. As crianças e os adolescentes são uma faixa etária vulnerável devido a uma relativamente maior ingestão de alimentos por quilograma de peso corporal e à maturação incompleta dos sistemas metabólicos ou órgãos-chave.
A acrilamida tem a capacidade de formar adutos com proteínas e ácidos nucleicos, provocando genotoxicidade, carcinogenicidade, neurotoxicidade, hepatotoxicidade, toxicidade cardiovascular e toxicidade reprodutiva. Estudos recentes sugeriram que a acrilamida possa ser um potencial disruptor endócrino, alterando biomarcadores cardiometabólicos e o desenvolvimento pubertário, através de mecanismos relacionados com o stress oxidativo, peroxidação lipídica, adipogénese e desregulação hormonal.
O BPA pode interferir com os recetores de estrogénio e, consequentemente, com o sistema endócrino, permitindo que o BPA seja classificado como um disruptor endócrino. Além disso, a exposição crónica a BPA, mesmo em concentrações muito baixas, pode prejudicar a saúde humana, levando ao desenvolvimento de doenças metabólicas e a alterações no desenvolvimento pubertário.
Os estudos epidemiológicos longitudinais que testam a associação entre a exposição a estes contaminantes alimentares e as alterações metabólicas, desde a infância até à adolescência, são limitados e as incertezas ainda necessitam de muitas clarificações.