O estudo “Children’s adherence to a healthy and environmentally sustainable dietary pattern based on the EAT-Lancet recommendations: the role of the family environment”, levado a cabo por uma equipa de investigadores do Instituto do Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), revelou que a idade, o número de anos de escolaridade e os hábitos alimentares das mães estão associados a uma alimentação mais saudável e ambientalmente sustentável por parte dos filhos, aos 7 anos de idade.
Esta investigação, publicada na revista British Journal of Nutrition, utilizou dados de mais de 2000 crianças da coorte de nascimento Geração XXI e das suas mães e procurou perceber que fatores relacionados com a família tinham um maior impacto nos hábitos alimentares das crianças aos 7 anos.
Os resultados mostraram que filhos de mães mais velhas e com maior escolaridade têm uma maior adesão à dieta de referência da EAT-Lancet aos 7 anos. Além disso, a qualidade da alimentação da mãe, quando a criança tinha 4 anos, também se relacionou com uma maior adesão a este padrão alimentar aos 7 anos.
A dieta de referência da EAT-Lancet recomenda um consumo elevado de alimentos de origem vegetal — como fruta, hortícolas, leguminosas, frutos secos e cereais integrais — e uma redução considerável no consumo de carne vermelha, produtos de origem animal em excesso e produtos alimentares ultraprocessados. Ao equilibrar a saúde e a sustentabilidade ambiental, este padrão alimentar procura contribuir para a prevenção de doenças crónicas, enquanto reduz o impacto ambiental da produção alimentar, nomeadamente as emissões de gases com efeito de estufa e a perda de biodiversidade.
De acordo com a equipa de investigação, estes dados reforçam a importância do contexto familiar e, especialmente do papel das mães, no estabelecimento de hábitos alimentares em fases precoces da vida.
As investigadoras – Beatriz Teixeira, Cláudia Afonso e Andreia Oliveira – sublinham ainda a relevância de promover políticas públicas que incentivem a literacia alimentar das mães como estratégia para melhorar, desde cedo, os padrões alimentares das crianças, que trarão benefícios tanto para a saúde como para o ambiente.