Estudo do ISPUP vence o prémio “Paper of the Year” do British Journal of Nutrition

O artigo “Weight trajectories from birth to 5 years and child appetitive traits at 7 years of age: a prospective birth cohort study”venceu o prémio“Paper of the Year 2023”, do British Journal of Nutrition. A distinção, anunciada hoje pelo Editor-Chefe da revista científica, Professor John Mathers, é atribuída, anualmente, ao artigo que mais se destaque pela sua originalidade, relevância e rigor.

Este estudo de 2023, desenvolvido por  Sarah Warkentin – investigadora doutorada do Laboratório “Comportamentos alimentares e obesidade infantil” do ITR, com co-autoria de Ana Cristina Santos e Andreia Oliveira – procurou compreender a relação entre a trajetória de peso nos primeiros cinco anos de vida e os comportamentos alimentares aos 7 anos.

A equipa de investigadoras utilizou os dados da coorte Geração XXI – que tem vindo a acompanhar mais de 8500 crianças nascidas no Porto, ao longo da vida – para a definição de quatro trajetórias de peso, a serem investigadas: ‘normal weight gain’ (sobrepõe-se ao percentil 50 na curva de peso para idade), ‘weight gain during infancy’ (baixo peso ao nascer e ganho de peso principalmente durante a infância, particularmente no primeiro ano de vida), ‘weigth gain during childhood’ (ganho de peso contínuo desde o nascimento até aos 5 anos) e ‘persistent weight gain’ (ganho de peso sempre superior à média no período em estudo). Os comportamentos alimentares foram avaliados através de um questionário validado na coorte (Children`s Eating Behaviour Questionnaire) aos 7 anos de idade. Quase 4000 crianças tinham informação completa para todas estas variáveis.

Em comparação com a trajetória ‘normal weight gain’, as crianças que se enquadraram nas outras trajetórias de crescimento mostraram, aos 7 anos, maior prazer em comer e maior consumo, em resposta aos estímulos alimentares, ou seja, maior capacidade de resposta aos alimentos. Foram ainda menos capazes de compensar a ingestão alimentar (isto é, apresentaram menor capacidade de resposta à saciedade) e comeram mais rápido, aos 7 anos. Além disso, aqueles que registaram maior ganho de peso nos primeiros anos de vida (‘weight gain during infancy’ ) mostraram comer mais em resposta a emoções negativas (como a tristeza ou a raiva) e mostraram-se menos seletivos na escolha dos alimentos.

Em suma, este estudo – desenvolvido no âmbito do projeto Regulação do apetite e obesidade infantil: uma abordagem para compreender as influências genéticas e comportamentais – concluiu que a primeira infância parece ser um período particularmente importante para o desenvolvimento dos comportamentos alimentares em idade escolar (7 anos de idade). Os resultados evidenciaram a necessidade de controlar o rápido ganho de peso durante a primeira infância, de forma a promover comportamentos alimentares mais funcionais em idade escolar. As investigadoras salientaram ainda a importância da adoção de estratégias focadas no ambiente onde as crianças vivem, para a melhoria dos seus hábitos alimentares.

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